Um total de 14 freguesias continuam sem telefone após os grandes fogos do ano passado, disse esta quarta-feira o primeiro-ministro, António Costa, durante o debate quinzenal no Parlamento.
"O que foi detetado até agora pela ANACOM é que existem 14 freguesias no conjunto do país, nos concelhos da Sertã, Gouveia, Oliveira do Hospital e Pampilhosa da Serra, onde o serviço não está ainda restabelecido", avançou António Costa.
O chefe de Governo descreveu que, "nos incêndios do ano passado, arderam 3.000 quilómetros de cabos e foram destruídos 45 mil postos de cablagem" e, segundo informação dos operadores à Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), "99,5% dos casos estão restabelecidos", estando aquela entidade reguladora a verificar os dados no terreno.
António Costa respondia ao líder comunista, Jerónimo de Sousa, que acusou o executivo do PS de "olhar passivamente" para as falhas da Altice/PT na reposição de telecomunicações nas regiões atingidas pelos graves incêndios florestais de junho e outubro de 2017.
"O Governo não pode olhar passivamente para o problema e remetendo a solução para a empresa que foi privatizada e passou a colocar os lucros acima das vidas das pessoas", afirmou Jerónimo de Sousa.
Para o líder comunista, "está à vista a importância de recuperar o controlo público da PT [Portugal Telecom], mas também a necessidade de o Governo intervir para que as comunicações sejam rapidamente repostas e os direitos das populações defendidos".
A este propósito, Jerónimo de Sousa recuperou uma notícia recente e lembrou a morte uma mulher em Vale de Ameixoeira (Macieira), freguesia do Troviscal (Sertã), alegadamente por falta de assistência.
Uma vez que a localidade se encontra sem telecomunicações desde o incêndio florestal de meados de outubro, o marido da vítima terá tido de percorrer cerca de dois quilómetros para conseguir telefonar para o 112, recordou Jerónimo de Sousa.
"Esta situação confirma de forma trágica a preocupação que aqui trouxemos no início de fevereiro. A PT/Altice está a recusar a reposição do serviço telefónico nas áreas atingidas pelos incêndios e a transferir para as pessoas o custo de reposição do serviço", lamentou.