O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse, num vídeo divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que quer armar a população para evitar a instauração de uma ditadura no Brasil.
“Como é fácil impor uma ditadura no Brasil, como é fácil. O povo está dentro de casa. Por isso eu quero, ministro da Justiça e ministro da Defesa, que o povo se arme”, afirmou Bolsonaro, dirigindo-se a dois dos seus ministros.
Na mesma gravação o chefe de Estado brasileiro quer a garantia de que não vai aparecer alguém no país “para impor uma ditadura”, considerando ser fácil a imposição desse regime, bastando um prefeito fazer um decreto que deixe todas as pessoas “dentro de casa".
"Se tivesse armado, ia para a rua. Se eu fosse ditador, eu desarmava, como fizeram todos no passado, antes de impor a sua respetiva ditadura. Eu peço ao Fernando [Azevedo e Silva, ministro da Defesa] e ao Moro [Sergio Moro, ex-ministro da Justiça] que, por favor, assine essa portaria hoje [22 de abril]”, acrescentou.
Segundo a transcrição do vídeo divulgada pelo STF, Jair Bolsonaro pergunta: “Porque é que eu estou a armar o povo? Porque eu não quero uma ditadura. Não dá para segurar mais".
O STF brasileiro divulgou hoje o vídeo de uma reunião ministerial realizada em abril, no Palácio do Planalto, na capital do país, Brasília, apontada pelo ex-ministro Sergio Moro como prova sobre a alegada interferência do Presidente, Jair Bolsonaro, na polícia.
Na decisão, o juiz do STF Celso de Mello publicou quase na íntegra quer o vídeo, quer a transcrição da reunião. Apenas não permitiu a divulgação das "poucas passagens do vídeo nas quais há referência a determinados Estados estrangeiros".
No vídeo destacam-se palavrões e injúrias por parte de Bolsonaro a ministros e a ameaça do Presidente Jair Bolsonaro de demissão “generalizada” a quem não adotasse a defesa de assuntos defendidos pelo Governo.
Em causa está a conversa gravada numa reunião de ministros, ocorrida na sede da Presidência, em Brasília, em 22 de abril, e que foi citada no depoimento do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil Sergio Moro, que acusa Bolsonaro de alegada interferência na Polícia Federal.
Na reunião, e de acordo com Moro, Bolsonaro teria exigido a troca do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, para evitar uma investigação a familiares e aliados.
Mais de mil mortos e 20.803 infetados nas últimas 24 horas
O Brasil registou 1.001 mortos e 20.803 infetados pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, totalizando 21.048 óbitos e 330.890 pessoas diagnosticadas desde que a pandemia de covid-19 chegou ao país, informou hoje o executivo.
Com os números de hoje, o Brasil ultrapassou a Rússia e ascendeu à segunda posição na lista de países com o maior número de casos positivos de covid-19, apenas atrás dos Estados Unidos da América (mais de 1,6 milhões de casos de infeção), segundo o portal Worldometer, que compila quase em tempo real informações da Organização Mundial da Saúde, dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças, de fontes oficiais dos países, de publicações científicas e de órgãos de informação.
O Ministério da Saúde indicou que está ainda a ser investigada a eventual relação de 3.552 óbitos com a covid-19, sendo que 135.430 pacientes infetados já recuperaram e 174.412 continuam sob acompanhamento.
São Paulo, epicentro da pandemia no país sul-americano, concentra 5.773 vítimas mortais e 76.871 casos de infeção, sendo seguido pelo Ceará, que contabiliza hoje 2.251 mortos e 34.573 pessoas diagnosticadas.
O Rio de Janeiro é o terceiro estado com maior número de casos confirmados, num total de 33.589 pessoas infetadas e 3.657 óbitos.
Por outro lado, Mato Grosso do Sul, localizado na região centro-oeste do país, é o estado menos afetado, com 17 óbitos e 805 infetados.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 335 mil mortos e infetou mais de 5,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,9 milhões de doentes foram considerados curados.