O setor das energias renováveis pode vir a valer 12% do Produto Interno Bruto (PIB), o mesmo que vale o turismo. A perspetiva é da Associação Portuguesa das Energias Renováveis (APREN).
“Em 2030, representaremos 12% do PIB, na cadeia de valor toda. Não são só as empresas que produzem eletricidade, são todo o ‘cluster’ que vive à volta, as empresas de construção, as empresas de operação e manutenção, ou seja os técnicos especializados em engenharia”, diz à Renascença o presidente da associação, Pedro Amaral Jorge.
Este dirigente lembra que setor tem sobre o turismo uma vantagem que também se reflete nas contas nacionais. “Este setor, por concorrência com os mercados internacionais, tem salários médios mais altos do turismo e, com isso, as receitas fiscais oriundas do trabalho também aumentarão substancialmente”, argumenta.
Pedro Amaral Jorge refere que os números mais recentes, de julho deste ano, Portugal apontam para uma incorporação de energia renovável na ordem dos 63 a 65%, um número que tem “vindo a melhorar continuamente”.
Este dirigente associativo acredita que Portugal, em conjunto com Espanha, “tem um potencial elevadíssimo para exportar eletricidade para o resto da Europa”. No entanto, é preciso que a União Europeia resolva o diferendo com “os franceses que há anos impedem que estas interligações aumentem”.
Não pode valer tudo nas renováveis
A associação ambientalista Zero reconhece que a aposta nas renováveis é inevitável, mas lembra que, em nome deste desígnio, não pode valer tudo. O presidente da Zero, Francisco Ferreira, considera que a gestão portuguesa nesta matéria “não tem sido equilibrada”.
“Temos centrais, como é o caso do Cercal, com uma dimensão claramente exagerada, já para além daquilo que é uma ocupação sustentável do espaço”, exemplifica.
Francisco Ferreira reconhece que há casos em que “a administração tem conseguido intervir - e estou-me a lembrar de uma central fotovoltaica recente no Algarve que que foi chumbada no quadro do processo de avaliação de impacto ambiental -, mas noutros casos não”.
“Acho que não conseguimos ainda atingir esse equilíbrio. Neste momento estamos a falhar na participação, no encontrar de projetos que tenham dimensões mais razoáveis e no incentivo que precisamos mais de estimular, nomeadamente, o solar em zonas artificializadas e construídas”, remata.
O “Compromisso Verde” é uma parceria entre a Renascença e a Euranet Plus.