O país precisa de ter excedentes orçamentais, porque tem “uma dívida gigantesca” a pagar – “uma dívida que foi criada precisamente por um senhor que dependia da mãe”, afirma Henrique Raposo.
“O Estado português devia pedir dinheiro à mãe do Sócrates”, conclui o comentador das Três da Manhã, às segundas e quartas-feiras.
Reagindo ao anúncio de excedente orçamental de quase mil milhões de euros, feito na terça-feira pelo Governo, Henrique Raposo compara o Orçamento do Estado a uma roda. Mas “ela está dentada, está esburacada, porque falta dinheiro para a saúde, mas depois há milhares de fundações, organismos, repartições que recebem dinheiro do Estado”.
“Temos de ter excedentes orçamentais para pagar a dívida. Onde vamos poupar é que é fundamental”, defende.
Jacinto Lucas Pires concorda. “Há muito olho para o calculozinho, mas falta visão. O essencial da política não é fazer a conta óbvia da receita e da despesa, mas como utilizamos o dinheiro para o bem comum”, sublinha.
Os dois comentadores analisaram ainda a reunião da concertação social desta quarta-feira, onde vai ser discutido um acordo de rendimentos e competitividade, em que o grande objetivo é conseguir o aumento do salário médio.
Henrique Raposo volta a defender na Renascença que o salário deve ser consequência da produtividade e não algo que se decrete.
Nesta quarta-feira, critica ainda “este modelo de capitalismo centrado na Web Summit, este capitalismo invisível que não cria riqueza”.
Já Jacinto Lucas Pires realça o mau exemplo dado pelo Estado enquanto patrão.
“Acho importante haver reuniões destas [sobre salário médio], porque o modelo de baixos salários não é bom para ninguém, mas parece-me estranho que o Estado que também é patrão dê o exemplo contrário na função pública”, condena.