O líder da Coreia do Norte presidiu a uma parada militar, com novos drones e mísseis balísticos intercontinentais de capacidade nuclear, para assinalar o aniversário do fim dos combates na Guerra da Coreia (1950-53), foi noticiado esta sexta-feira.
"Os novos aviões estratégicos de reconhecimento não tripulados e os drones de ataque polivalentes, desenvolvidos e produzidos recentemente, voaram para demonstrações enquanto circulavam no céu por cima da praça Kim Il-sung", em Pyongyang, na quinta-feira, disse a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA.
O entusiasmo e a alegria do público atingiram o auge quando o mais recente míssil balístico intercontinental (ICBM) da Coreia do Norte, o Hwasong-18 de combustível sólido, testado em abril e julho deste ano, desfilou pela praça, acrescentou a KCNA.
As cerimónias do 70.º aniversário do armistício da Guerra da Coreia, que pôs fim aos combates e é celebrado na Coreia do Norte como o Dia da Vitória, contaram com a presença de delegações russas e chinesas de alto nível, convidadas por Kim Jong-un.
As duas Coreias continuam tecnicamente em guerra, uma vez que, depois do cessar-fogo, nunca foi assinado um tratado de paz.
Kim "enviou uma calorosa saudação de combate" durante o desfile, mas não discursou, indicou a KCNA.
Imagens de satélite confirmaram que a Coreia do Norte organizou um desfile militar em grande escala para o aniversário de quinta-feira, no qual, de acordo com a KCNA, foi "demonstrado ao mundo a vontade inabalável de todos os soldados e do povo de criar uma nova lenda de vitória na era Kim Jong-un".
Para o professor de ciências políticas na Universidade de Norwich (EUA) Yangmo Ku, o desfile é um motor importante para "promover a legitimidade do poder de Kim Jong-un e a unidade interna nestes tempos economicamente difíceis", disse à agência de notícias France-Presse (AFP).
A aliança entre a China e a Rússia
Mas este ano, com a presença de representantes da Rússia e da China, Pyongyang parece estar a tentar "enviar um sinal aos Estados Unidos e aliados de que, graças ao reforço dos laços" com estes dois países, "a Coreia do Norte está militarmente preparada para enfrentar as ameaças estratégicas dos inimigos".
"Todos estes acontecimentos apontam para a emergência de uma nova guerra fria em torno da península coreana", acrescentou Ku, que apelou a Washington, Seul e Tóquio para que tomem medidas para atenuar as crescentes tensões na península.
A China, principal aliado e apoiante económico da Coreia do Norte, e a Rússia, outro aliado histórico, são dos poucos países com os quais Pyongyang mantém relações amigáveis.
A visita do ministro da Defesa russo, Serguei Shoigou, é tanto mais notável dado que responsáveis por esta pasta não visitam Pyongyang com regularidade desde o colapso da antiga União Soviética, disseram especialistas à AFP.
O líder norte-coreano apoia a invasão russa da Ucrânia, nomeadamente através do fornecimento de mísseis e foguetes, de acordo com Washington, o que Pyongyang tem negado.
Este ano marca o regresso dos convidados estrangeiros às celebrações depois do fim da pandemia da covid-19, anunciando um relaxamento dos controlos fronteiriços.