Os administradores do Global Media Group (GMG) Paulo Lima de Carvalho e, mais tarde, Filipe Nascimento deixaram esta quinta-feira o conselho de administração e a comissão executiva, denunciando a "asfixia financeira" e o incumprimento de promessas que inviabilizam as condições para continuar no grupo.
"Como é notório e publico, não só as condições mínimas necessárias à implementação dos projetos para os quais fui incumbido não estão a ser minimamente asseguradas, como ocorre, ao invés, uma total ausência de investimentos, que estão a provocar uma permanente situação de asfixia financeira, onde nem sequer nos é possível assegurar os compromissos já existentes, designadamente remunerações, quanto mais desenvolver qualquer tipo de projetos", refere.
Segundo a carta de renúncia enviada ao presidente do conselho de administração, Marco Galinha, e ao presidente da comissão executiva, José Paulo Fafe, o agora ex-administrador sublinha também que o incumprimento das obrigações contratuais para com os trabalhadores dos diversos meios de comunicação do GMG deu-lhe uma "elevadíssima exposição negativa", defendendo ser "totalmente alheio" às responsabilidades pela crise no grupo.
"Atendendo a que não estão asseguradas as mínimas condições para o desempenho do cargo, porque não estão cumpridas as promessas que me foram feitas e que esPveram na base da aceitação do mesmo, venho, pela presente, apresentar a minha renúncia, com justa causa, ao cargo de administrador e membro da comissão executiva", acrescenta Paulo Lima de Carvalho na carta a que a Lusa teve acesso.
Filipe Nascimento também sai por justa causa, por não se terem cumprido objetivos que o levaram a aceitar o cargo. Em carta, igualmente enviada a Galinha e Fafe, Filipe Nascimento refere que foi "com profundo sentido de responsabilidade pelo passado de todos os títulos e marcas, que aceitou o desafio, ainda que com algum prejuízo para a vida familiar" de integrar a administração da GMG.
No entanto, depois de "aguardar que as condições melhorassem", decidiu que não podia admitir "que o meu nome seja arrastado para uma batalha de oportunismos empresariais, e também políticos, bem como de egos e guerras de um mercado que está demasiado prisioneiro de interesses conflituantes, nem todos preocupados com a sobrevivência e sustentabilidade das marcas jornalísticas".
Por sua vez, Paulo Lima Carvalho, entre os compromissos que foram estabelecidos para a sua entrada para a administração, enumera as promessas de um "forte investimento" para o desenvolvimento das áreas de recursos humanos, tecnologia e inovação, além de uma estratégia empresarial que passava pelo crescimento do GMG através de aquisições e com uma perspetiva de internacionalização para o espaço lusófono.
"Não obstante o convite que me foi feito e a aceitação do mesmo, teve por base garantias, condições e pressupostos que, manifestamente, não se verificam", resumiu.
São já cinco as saídas da administração da GMG no espaço de um mês, na sequência das saídas do administrador executivo Diogo Agostinho e do administrador não executivo Carlos Beja, em dezembro, bem como da demissão de administrador não executivo Victor Menezes já neste mês de janeiro.