Um total de 1.035 pessoas, incluindo um bebé de 20 dias, foram resgatadas no Mediterrâneo central nos últimos dias pelos navios humanitários ‘Sea Watch3’, ‘Ocean Viking’ e ‘Geo Barents’ e agora aguardam um porto para desembarcar.
Após as últimas operações, o navio da organização humanitária alemã Sea Watch navega com 439 náufragos a bordo, enquanto o ‘Ocean Viking’, da organização francesa SOS Mediterranée, tem 387 e o ‘Geo Barents’, dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), soma 209 pessoas, segundo referiram as organizações nas redes sociais.
De acordo com a MSF, o último pedido de ajuda feito pelo Alarm Phone, uma linha de apoio a migrantes no mar, levou ao resgate de 20 pessoas que estavam numa “pequena lancha em perigo”.
Metade dos resgatados, que estão a bordo do ‘Geo Barents’, “são menores e o mais novo tem apenas 20 dias de idade”, refere a organização.
“Toda a gente merece estar segura e a nossa equipa vai continuar a prestar assistência às pessoas em perigo”, acrescentou.
Anteriormente, a Sea Watch tinha escrito que “439 pessoas precisavam e tinham direito a um porto seguro para desembarcar”, referindo que estes migrantes sobreviveram à travessia do Mediterrâneo, mas “estão no mar há dias, com temperaturas proibitivas”.
A mensagem da organização alemã foi acompanhada por um vídeo no qual a chefe da missão explica as difíceis condições a bordo após cinco resgates em menos de 26 horas.
A SOS Mediterranée também tem pedido insistentemente às autoridades europeias que permitam o desembarque das 387 pessoas que estão a bordo do ‘Ocean Viking’.
“Muitos estão exaustos e mostram sinais de sofrimento emocional depois de terem passado mais de 10 horas no mar”, referiu.
Além disso, cerca de 2.000 pessoas chegaram à costa italiana desde o último fim de semana, a maioria através de meios próprios, em barcos precários, muitos dos quais precisaram de ajuda das forças de segurança italianas por estarem em perigo.
Foi o caso de um barco de pesca que estava à deriva com 674 migrantes e que foi resgatado no sábado, perto da Calábria (sul), por navios da patrulha da guarda costeira italiana e uma unidade da brigada fiscal, que também encontrou a bordo cinco mortos.
Estas pessoas morreram de sede, já que a água potável era racionada pelos traficantes que organizaram a viagem, cinco dos quais foram presos por ordem do Ministério Público de Messina (Sicília, sul).
“Durante a viagem, os recursos hídricos e alimentares foram racionados de forma desumana, ao ponto de os migrantes serem obrigados a partilhar uma chávena de café cheia de água entre 10 pessoas”, explicou, em comunicado divulgado na segunda-feira, o Ministério Público, acrescentando que todos os resgatados estavam em péssimas condições porque também foram espancados “com paus e cintos”.
Por outro lado, cinco desembarques com 147 pessoas foram registados hoje de manhã em Lampedusa, ilha da Sicília que tem servido de porto de desembarque para muitos migrantes.
Com a entrada dessas pessoas, o centro de acolhimento da ilha, cuja capacidade não ultrapassa as 350 pessoas, somava mais de 1.600, o que levou à mobilização de recursos da Marinha italiana para transferir migrantes para outras localidades.
De acordo com os dados mais recentes do Ministério do Interior de Itália, mais de 34.000 pessoas chegaram à costa italiana este ano, mais 36 por cento do que no mesmo período do ano passado, quando os migrantes desembarcados somavam 25.500 pessoas.