As tropas russas já entraram em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, onde, segundo relatos de um empresário português no país, estão a usar bombas de vácuo, atingindo indiscriminadamente muitos civis.
“Não é só em Kharkiv”, afirma à Renascença. É toda a região “que está quase na fronteira da Rússia. Aquela região toda está em guerra e é lá que estão a usar esses equipamentos, que eles chamam 'Father of all bombs' [‘pai de todas as bombas’] que é bombas de vácuo. Estão a disparar indiscriminadamente, provavelmente há muitas vítimas entre civis, porque aquilo rebenta tudo”, explica.
Perante isto, o empresário português não tem dúvidas: “vai haver muitas baixas. Ainda não há relatórios oficiais, porque está um caos nessas cidades, e Kiev está em constante bombardeamento”.
Na capital, as tropas ucranianas estão a estão a conseguir travar a entrada das forças russas, pelo que os combates mais intensos estão a decorrer à entrada de Kiev.
“Nessa zona, está uma guerra brutal, porque os russos, como não estão a conseguir dominar Kiev, estão a concentrar-se à volta da cidade para tentarem cercar. A Ucrânia mudou a estratégia e está a tentar atacar os pontos em que eles estão concentrados”, descreve.
William Lopez viva a cerca de 300 quilómetros dali e diz que não pensa fugir, pois agora é muito complicado.
“Não vou tentar fugir, agora é muito perigoso. Até o Governo está a dizer para não sairmos de casa. No total, somos 12 pessoas aqui [em casa]. Só que agora é quase impossível porque o Governo limitou a 20 litros de gasolina cada carro. A fronteira mais próxima que tenho fica a 500 ou 600 quilómetros. 20 litros não ia dar para chegar lá”, explica.
Nestas declarações à Renascença, o empresário português diz ainda que as tropas russas estão a sentir mais resistência das forças ucranianas do que estariam à espera. De acordo com as autoridades ucranianas, o número de baixas entre as forças de Putin será de 3.500 homens.
Neste domingo, Vladimir Putin, o Presidente da Rússia, fez uma breve aparição na televisão para saudar o heroísmo das tropas russas. O Kremlin anunciou também estar disponível para discutir o cessar-fogo na Bielorrússia, mas o Presidente ucraniano já respondeu que prefere que as negociações decorram noutro país.