"Ouvir mais o Papa e agir", é a proposta da diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) para fazer face às tragédias com refugiados no Mediterrâneo.
Eugénia Quaresma receia que possam aumentar os episódios trágicos porque "o fenómeno migratório" continua a dividir os países. Em declarações à Renascença, a responsável declara a sua apreensão pelo eventual aumento de situações de naufrágio com o previsível aumento do fluxo migratório, na região do Mediterrâneo, com o aproximar do verão.
No final de fevereiro registou-se mais um naufrágio fatal ao largo da Calábria, em Itália, que vitimou 67 pessoas, o que levou o Papa Francisco a afirmam que "os oceanos são fatores de conexão, e não lugares de tragédia". Francisco voltou a apelar ao fim do tráfico ilegal de migrante e à prisão dos traficantes.
A diretora da OCPM diz que é fundamental “ouvir o Papa e agir”. “Atuar na origem porque uma boa parte das migrações forçadas tem a ver com fenómenos de corrupção e questões de exploração nos países de origem. E se conseguirmos atuar aí e trabalharmos em conjunto para esses países sejam seguros e se não fomentarmos a corrupção e o armamento, talvez consigamos estancar parte destes fluxos”, afirma.
A diretora da Obra Católica das Migrações insiste na defesa de rotas seguras e pede "soluções coordenadas que garantam o direito de as pessoas não serem obrigadas a pedir refúgio".
Eugénia Quaresma reconhece "um esforço para se tentar pôr em prática o pacto de imigração e asilo", na União Europeia, mas reconhece que "infelizmente os países continuam muito preocupados com a defesa das suas fronteiras".
“A solução de alguns países é levantar muros, mas os muros vão criar rotas alternativas que vão alimentar o tráfico de seres humanos e por isso é preciso encontrar soluções coordenadas e que garantam o direito das pessoas a não terem de imigrar”.