O número de pessoas sem médico de família atribuído nos centros de saúde voltou a aumentar em novembro e é já superior a 1,4 milhões de pessoas, representando quase um sétimo do total dos cidadãos inscritos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A notícia é avançada pelo Jornal Público com base em dados recentes do Bilhete de Identidade dos Cuidados de Saúde Primários.
O problema afigura-se grave sobretudo em Lisboa e Vale do Tejo (LVT), onde um quarto da população (25,5%) estava a descoberto em novembro, mas não só. Também no Algarve (18,4%) e no Alentejo (15%) o problema é preocupante e mesmo na região centro, a falta de médicos de família atinge cada vez maior dimensão (em novembro afetava 9% do total dos inscritos).
A falta de médicos de família tem vindo a agravar-se, ao longo deste ano em que se regista um pico de aposentações destes especialistas.
Os salários pouco atrativos, as deficientes condições de trabalho e a pressão da procura nos locais onde há mais falta de profissionais, são outras das razões apontadas para a saída e escassez de médicos.
O plano de inverno, apresentado recentemente pelo Ministério da Saúde, para aliviar os serviços de urgência hospitalares, prevê o alargamento dos horários de vários centros de saúde do país. Mas, dada a falta de profissionais a resposta pode não ser a mais eficaz.
No entender do presidente da Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar (USF-AN), André Biscaia, a solução para ajudar a resolver “o problema crónico” das urgências pode passar pelo aumento das Unidades de Saúde Familiar.
Nesse sentido, a associação apresentou um conjunto de “medidas urgentes” entre as quais “abolir as quotas administrativas à criação de USF” e dar acesso imediato ao modelo B - que contemplam um regime de incentivos financeiros aos profissionais, que não se encontram previstos nas USF modelo A - a todas as Unidades de Saúde Familiar.