O pacote de medidas de apoio às populações e empresas afectadas pelos incêndios de Outubro está a ser "executado com rapidez" pelo Governo, reconheceu esta segunda-feira o Presidente da República, em Mira, no distrito de Coimbra.
Durante uma visita às zonas devastadas pelos incêndios, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que diversos ministros e secretários de Estado "têm estado permanentemente no terreno a avaliar a situação" e disse que há uma vontade genuína dos partidos e do executivo de responder com rapidez às necessidades das populações afectadas.
"Há vontade do Governo e dos partidos de concretizar já no Orçamento de Estado de 2018 o apoio às populações", reconheceu o chefe de Estado, classificando esse apoio como "um dever cívico e uma obrigação moral".
Confrontado com queixas do presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, para quem os apoios previstos para os produtores da agropecuária afectados pelos incêndios "são injustos e vão promover o abandono da actividade", Marcelo Rebelo de Sousa expressou a convicção de que o Governo "saberá adaptar-se e lidar com a situação".
O Presidente da República afirmou que "a avaliação dos estragos" continua a ser feita no terreno por membros do Governo e autarcas, destacando o "papel excepcional" desenvolvido nesta tarefa pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.
O chefe do Estado levou uma palavra de esperança aos empresários de Mira que viram os seus negócios destruídos total e parcialmente pelas chamas, exortando-os "a não baixar os braços" e prometendo até voltar na primavera para ver celebrar a recuperação total das empresas.
"Aqui o futuro já começou", disse Marcelo Rebelo de Sousa, revelando que desde que começou as visitas às zonas afectadas pelas chamas, há 15 dias, tem assistido a verdadeiras histórias de dedicação e sucesso.
Para isso tem contado a atitude dos empresários, que na perspetiva do Presidente da República "têm arregaçado as mangas", mantendo em funcionamento empresas que criam riqueza e asseguram postos de trabalho.
"Para já vamos aguentando", resumiu Carlos Soares, dono da SIRO, um dos maiores empregadores do concelho, destacando o papel dos fornecedores, que têm continuado a assegurar a matéria-prima apesar das dificuldades de pagamento das empresas afetadas, e dos clientes, que têm mantido as encomendas. "Há muita compreensão com o que se passou", afirmou.
Em Mira, o Presidente da República visitou a zona industrial afetada pelas chamas, uma exploração agrícola que sofreu danos avultados e uma casa de primeira habitação que foi destruída, tendo como guia o presidente da Câmara, Raul Almeida.
O chefe do Estado deixou ainda uma palavra de incentivo aos bombeiros locais, que no dia 15 de Outubro foram confrontados com mais de uma centena de frentes de incêndio. "Sem bombeiros nunca será possível responder às exigências dos fogos ao longo do ano. O vosso papel é insubstituível".
Os incêndios de 15 de outubro provocaram prejuízos superiores a 32 milhões de euros em unidades industriais e agrícolas de Mira e puseram em risco 340 postos de trabalho.
Segundo Raul Almeida, o incêndio "consumiu uma vasta área do concelho, percorreu todo o território municipal (cerca de 70%) e afectou o perímetro florestal, zonas urbanas e industriais".
Nas áreas urbanas houve a registar a perda de imenso património nomeadamente casas devolutas e também de primeira habitação, existindo 12 famílias desalojadas que se encontram a ser apoiados pelos serviços sociais locais e distritais.