O Rei Carl XVI Gustaf da Suécia mostrou-se muito desagradado e consternado com a situação do país face à pandemia de Covid-19. Numa entrevista à televisão, em que passou o ano em revista, o monarca, que poucas vezes fala em público, descreveu 2020 como um ano "terrível" e considerou que a estratégia nacional do coronavírus falhou.
“Acho que falhámos. Temos um grande número de mortos e isso é terrível”, afirma o Rei no programa. “O povo da Suécia tem sofrido tremendamente em condições difíceis”, acrescenta.
Carl XVI Gustaf lembrou depois o sofrimento daqueles que perderam familiares a amigos e não puderam despedir-se. “Acho que é uma experiência difícil e traumática não ser capaz de dizer um adeus caloroso”, afirmou.
Nesta quinta-feira, o país registou um número recorde de novos casos (8.881), segundo a Agência de Saúde sueca. Na semana passada, o número mais alto registado foi de 7.935 casos diários.
Quanto a óbitos, vão sendo contados ao longo dos dias e semanas e depois adicionados aos dados. Nesta quinta-feira, foram anunciadas 91 novas mortes com Covid-19. A taxa de mortalidade per capita na Suécia é várias vezes maior à dos seus vizinhos nórdicos, mas menor do que vários países europeus que optaram por bloqueios.
Sem máscaras, nem encerramento dos bares, restaurantes e lojas ou quarentena obrigatória, a Suécia distinguiu-se por uma estratégia baseada essencialmente em “recomendações” e muito poucas medidas coercivas.
Face ao forte aumento do número de infetados, foram feitas recomendações mais rigorosas, nomeadamente para não se conviver com pessoas além das de casa.
Ao contrário do que muitos acreditam, o país escandinavo nunca visou a imunidade coletiva, mas os responsáveis sanitários pensaram que o elevado nível de contágios na primavera lhes permitiria conter mais facilmente um ressurgimento da epidemia a longo prazo.
A segunda vaga da epidemia atingiu a Suécia um pouco mais tarde do que os restantes países na Europa, mas o excesso de mortalidade ultrapassou os 10% em novembro e deve continuar a agravar-se.
Pede-se mudanças
“A autoridade de saúde pública preparou três cenários no verão. Preparámo-nos para o pior, mas é duas vezes pior”, explicou Lars Falk, um responsável de cuidados intensivos no hospital Karolinska de Estocolmo, à agência France Presse.
Serviços de reanimação sob pressão, pedido de reforço de todo o pessoal de saúde qualificado em Estocolmo, mortalidade até 10 vezes mais alta que a dos seus vizinhos do Norte leva a concluir que, neste outono, a estratégia sueca, menos rígida face à epidemia, repete os maus resultados da primavera.
“Infelizmente, o nível de contágio não diminui (…) e é muito preocupante”, afirma à AFP o diretor de saúde da região de Estocolmo, Bjorn Eriksson, descrevendo “a enorme pressão sobre o sistema de saúde”.
“Agora chega”, protestou na semana passada. “Não vale beber um copo depois do trabalho, encontrar-se com pessoas fora de casa, fazer compras de Natal ou tomar café: as consequências são terríveis”, acrescentou.
No início da semana, as hospitalizações ligadas à Covid-19 na Suécia igualaram o seu pico de 20 de abril, com quase 2.400 doentes em tratamento, embora a proporção em cuidados intensivos seja duas vezes menor que na primavera: à volta de 10%.
Apesar das críticas, na terça-feira, por parte de uma comissão independente, o primeiro-ministro, Stefan Lovfven, recusou até agora considerar a estratégia um fracasso.
Ainda que a maioria mantenha confiança nas autoridades, a taxa desceu desde setembro, segundo uma sondagem Ipsos divulgada nesta quinta-feira.
O médico Lars Falk considera que “se deve fazer mais”, aumentando as restrições, nomeadamente durante o período das festas.
Nas últimas semanas foram tomadas algumas medidas, tendo sido proibidas as reuniões de mais de oito pessoas e a venda de álcool depois das 22h00, enquanto os alunos do secundário passaram para o ensino à distância.
Como o resto da Europa, a Suécia deposita grande esperança na vacinação, que espera lançar no final de dezembro e disponibilizar a toda a população em meados de 2021.
No início da semana, as hospitalizações ligadas à Covid-19 na Suécia igualaram o seu pico de 20 de abril, com quase 2.400 doentes em tratamento, embora a proporção em cuidados intensivos seja duas vezes menor que na primavera: à volta de 10%.
Apesar das críticas, na terça-feira, por parte de uma comissão independente, o primeiro-ministro, Stefan Lovfven, recusou até agora considerar a estratégia um fracasso.
Ainda que a maioria mantenha confiança nas autoridades, a taxa desceu desde setembro, segundo uma sondagem Ipsos divulgada nesta quinta-feira.
O médico Lars Falk considera que “se deve fazer mais”, aumentando as restrições, nomeadamente durante o período das festas.
Nas últimas semanas foram tomadas algumas medidas, tendo sido proibidas as reuniões de mais de oito pessoas e a venda de álcool depois das 22h00, enquanto os alunos do secundário passaram para o ensino à distância.
Como o resto da Europa, a Suécia deposita grande esperança na vacinação, que espera lançar no final de dezembro e disponibilizar a toda a população em meados de 2021.