O secretário-geral da UGT ficou desiludido com o chumbo do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), esta quarta-feira, que considerou um desrespeito para com o país e os trabalhadores, tendo em conta as medidas que ficam comprometidas com a decisão.
"É uma desilusão para os trabalhadores, a decisão de toda a esquerda e direita se juntar contra o PS", disse à Lusa o secretário-geral da UGT, Carlos Silva.
O sindicalista considerou que a proposta de OE2022 "não era o OE desejável, era pouco ambicioso, mas continha alguns avanços importantes", como o crescimento do salário mínimo até 2025 , o aumento das pensões, a melhoria da fiscalidade e algumas alterações à legislação laboral, nomeadamente a reposição do valor das horas extraordinárias e o aumento do valor das indemnizações por despedimento.
"Com este chumbo há um conjunto de medidas que ficam comprometidas, mas os políticos olham primeiro para o seu calendário eleitoral e não para os interesses do país, que se estava a preparar para sair da crise causada pela pandemia", lamentou.
Carlos Silva reconheceu que "o Governo podia ter ido mais longe, mas os partidos deviam ter percebido que não se podia dar um passo maior que a perna".
"Não é aceitável, estou muito desiludido e desgostoso, isto é um desrespeito para com o país e para com os trabalhadores", disse.
O PS foi o único partido a votar a favor da proposta orçamental, que mereceu as abstenções do PAN e das duas deputadas não-inscritas, Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues.
Antes da votação, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já tinha avisado que perante um chumbo do OE2022 iria iniciar "logo, logo, logo a seguir o processo" de dissolução do parlamento e de convocação de eleições legislativas antecipadas.