O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considera necessário respeitar "o que é a vontade soberana do povo venezuelano", numa posição em linha com a do Governo.
"O Governo português já definiu a posição, que é a dos países da União Europeia, e que é uma posição que sublinha o respeito da vontade do povo venezuelano, a importância da liberdade, o respeito da legitimidade da assembleia nacional, e também a procura de uma solução pacífica com a realização de eleições livres, através das quais o povo venezuelano possa exprimir a sua vontade política", afirmou esta quinta-feira.
O Presidente foi questionado sobre a crise política na Venezuela à margem de uma vista ao liceu Passos Manuel, em Lisboa, onde deu uma aula.
Questionado sobre a posição manifestada por outros países, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "não comenta atitudes de outros chefes de Estado ou de outros Estados, limita-se a reproduzir a posição já expressa pela União Europeia e também pelo senhor ministro dos Negócios Estrangeiros, que é a posição portuguesa".
"E essa posição portuguesa é a posição europeia, que é uma posição que respeita a liberdade, respeita o valor da democracia, respeita a legitimidade da assembleia nacional, pede eleições livres o mais rápido possível, respeita o que é a vontade soberana do povo venezuelano", salientou.
Na quarta-feira, Juan Guaidó autoproclamou-se Presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas.
O engenheiro mecânico de 35 anos tornou-se rapidamente o rosto da oposição venezuelana ao assumir, a 3 de janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país.
Nicolás Maduro iniciou, a 10 de janeiro, o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela maior parte da comunidade internacional.
A 15 de janeiro, numa coluna de opinião publicada no diário norte-americano The Washington Post, Juan Guaidó invocou artigos da Constituição que instam os venezuelanos a rejeitar os regimes que não respeitem os valores democráticos, declarando-se "em condições e disposto a ocupar as funções de Presidente interino com o objetivo de organizar eleições livres e justas".
Os Estados Unidos, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e quase toda a América Latina – à exceção de México, Bolívia e Cuba, além da Rússia, que se mantêm ao lado de Maduro, que consideram ser o Presidente democraticamente eleito da Venezuela – já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.