O presidente do Brasil, Lula da Silva, está em Pequim para mais uma visita de um líder estrangeiro. Antes dele estiveram em visita à China, nas últimas semanas, o presidente francês Macron, a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e o primeiro-ministro de Espanha Pedro Sanchéz. Os visitantes são bem recebidos pelos dirigentes chineses e, em geral, conseguem assinar alguns acordos bilaterais de natureza comercial.
Esta sucessão de visitas mostra que a China é hoje uma grande potência mundial, que assume um crescente papel ativo nos assuntos internacionais. Mas em questões como Taiwan ou a Ucrânia Xi Jinping não cede um milímetro.
A China lançou há dias um cerco naval a Taiwan, com exercícios militares usando fogo real, envolvendo um porta-aviões e meia centena de caças, além de vários navios de guerra. Não é, pelo menos por enquanto, um assalto a Taiwan, que Pequim considera território chinês, como, aliás, muitos outros países, incluindo os EUA. Mas é mais uma manobra para isolar e intimidar os habitantes daquele território, levando-os, espera Pequim, a renderem-se mais cedo ou mais tarde. Não está, todavia, excluído um assalto militar chinês a Taiwan.
Quanto à guerra na Ucrânia, Xi Jinping mantém os seus 12 pontos de uma possível rota para a paz na Ucrânia. Pequim receia acima de tudo que uma derrota humilhante da Rússia face à Ucrânia invadida conduza à queda do atual poder autocrático em Moscovo. Os dirigentes chineses sentiram com incompreensão e temor o colapso político soviético e querem evitar qualquer repetição.
Mas Pequim também não deseja uma clara vitória da Rússia. Até por causa de Taiwan e também porque subscreve a Carta da ONU, a China não se sente confortável perante as ocupações russas envolvendo cerca de um quinto do território soberano da Ucrânia. Daí que acompanhe o problema com extrema prudência, sem contradizer abertamente as posições de Putin sobre aqueles territórios.
Por isso se têm mostrado infrutíferas as tentativas de líderes europeus para que Xi Jinping critique a Rússia.