Lituânia fecha dois postos fronteiriços com Bielorrússia
16-08-2023 - 17:16
 • Lusa

Governo lituano diz que os mercenários pertencentes ao grupo Wagner presentes em território nacional devem rondar os 4,500, considerando-os uma "ameaça".

A Lituânia vai encerrar duas das suas passagens fronteiriças com a Bielorrússia na sexta-feira, em resposta à presença dos mercenários do grupo Wagner no território do país vizinho, anunciou esta quarta-feira o Governo do país báltico.

O conselho de ministros lituano aprovou a proposta do Ministério dos Transportes de encerrar dois postos fronteiriços, em Sumsk e Tvereciaus, para concentrar a maioria das atividades e controlos no maior posto fronteiriço, em Medininkai.

Durante anos, essas duas passagens foram sobretudo utilizadas por quem ia fazer compras por menos dinheiro ou visitar familiares.

Medida preventiva, diz Lituânia

"Esta decisão é uma medida preventiva destinada a controlar as ameaças à segurança nacional e as possíveis provocações na fronteira", afirmou a ministra do Interior, Agne Bilotaite.

O fecho das passagens fronteiriças é uma reação à ida para território bielorrusso dos mercenários do grupo russo Wagner.

O posto fronteiriço de Medininkai é considerado aquele que é tecnicamente mais bem equipado, contando com sistemas de controlo que não estão disponíveis nos postos que serão encerrados.

Com mais guardas fronteiriços e inspetores alfandegários neste posto, "a situação em relação às filas de veículos e ao transporte de cargas não deverá sofrer grandes alterações", indicou um porta-voz do Ministério dos Transportes.

Bielorrússia diz ser uma medida "hostil"

Na plataforma digital Telegram, a Bielorrússia já reagiu ao encerramento pela Lituânia de dois postos fronteiriços, que isola mais ainda este aliado de Moscovo, afirmando tratar-se de "mais uma medida não-construtiva e hostil" por parte de Vilnius.

"As autoridades lituanas estão a utilizar qualquer pretexto para impedir a circulação não só de mercadorias, mas também para reduzir o fluxo de lituanos que viajam" para a Bielorrússia, sustentou o serviço da guarda fronteiriça bielorrussa.

Segundo Minsk, o encerramento desses postos fronteiriços causa "o aumento das filas de espera para entrar na Lituânia" e "atrasos no desalfandegamento" das mercadorias.

"Ao tomar tais decisões, a Lituânia está deliberadamente a criar barreiras artificiais na fronteira para servir os seus objetivos políticos", criticou ainda a guarda fronteiriça bielorrussa.

Nos 'media' lituanos, considera-se que a decisão sobre estas duas passagens fronteiriças poderá ser o primeiro passo para o encerramento completo da fronteira com a Bielorrússia.

As tensões vêm crescendo há várias semanas entre a Bielorrússia e os seus vizinhos da União Europeia (UE), a Lituânia e a Polónia, que já erigiram vedações ao longo das suas fronteiras, tencionando Varsóvia para lá destacar 10.000 soldados, por temer não só o grupo Wagner como um novo afluxo de migrantes para a UE.

O 'site' da Internet da radiotelevisão pública lituana Lrt.lt citou a ministra do Interior dizendo que os países bálticos e a Polónia estão a debater a possibilidade de encerrar completamente as fronteiras com a Bielorrússia e que os pormenores finais serão acertados numa reunião em Varsóvia a 28 de agosto.

Presença de mercenários Wagner pode rondar os 4.500

As informações sobre a presença e as atividades do grupo Wagner na Bielorrússia são contraditórias, apesar de o Serviço Estatal de Guarda de Fronteiras lituano estimar que o número de mercenários pode rondar os 4.500.

O anúncio do encerramento dos dois postos fronteiriços lituanos surgiu na mesma altura em que, na Letónia, foram canceladas licenças aos guardas fronteiriços e se reforçou o número de efetivos na fronteira com a Bielorrússia, após ser detetado um aumento das travessias ilegais.

A concentração de migrantes do Médio Oriente e de outros locais incentivada pela Bielorrússia nas fronteiras com a Lituânia, a Letónia e a Polónia é considerada uma tática de "guerra híbrida" destinada a sobrecarregar a guarda fronteiriça e os serviços sociais dos países que acolhem dissidentes bielorrussos e apoiam a Ucrânia na guerra que esta trava para se defender da agressão da Rússia, iniciada a 24 de fevereiro de 2022.