O vice-presidente da Associação Frente Cívica defende que, enquanto decorrem as investigações à atribuição de nacionalidade portuguesa a Roman Abramovich, era "prudente" suspender o processo que ao abrigo da Lei concede esse direito aos descendentes de judeus sefarditas.
"Há uma responsabilidade nacional e internacional de suspender este regime, enquanto as averiguações são feitas, e também de rever a lei", defende à Renascença João Paulo Batalha.
Dá o exemplo do processo espanhol equivalente para sugerir a criação "de um limite temporal para as comunidades regressarem ao país para não termos em aberto todo o sempre um processo com riscos de abuso".
É neste quadro que os dirigentes da Frente Cívica escrevem e enviam, esta quarta-feira, uma carta ao ativista russo Alexei Navalny.
No documento a que a Renascença teve acesso em primeira mão, dizem partilhar da indignação do opositor de Vladimir Putin com a obtenção da nacionalidade portuguesa por Abramovich.
"Nós vimos como Navalny denunciou a permissividade do Estado português neste caso e não deixamos de concordar com ele e de nos sentirmos envergonhados com a figura que o Estado fez a nível internacional", explica João Paulo Batalha.
O ativista russo Alexei Navalny, no final de dezembro, criticou Portugal, um país da NATO, por ter concedido cidadania a Abramovich, chegando a dizer que as autoridades portuguesas carregam malas com dinheiro.
A carta redigida pela Associação Frente Cívica pede esclarecimentos ao Instituto dos Registos de Notariado, como, por exemplo, "informação estatística que nos permita avaliar como o programa está a ser controlado pelo Estado português", conta João Paulo Batalha.