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A Cimeira Social do Porto deve apresentar um plano de ação com pistas sobre a forma de "resolver o problema dos 90 milhões de pobres que existem na Europa", defende o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social.
Em declarações à Renascença, D. José Traquina entende ser necessário um "plano que tenha operacionalidade".
O também bispo de Santarém sublinha a necessidade de a Cimeira Social, que arranca esta sexta-feira no Porto, “apresentar uma mensagem” para o futuro.
D. José Traquina alerta para a necessidade de se apostar numa economia mais justa e que pense mais nas pessoas.
O bispo afirma que “o problema não se resolve apenas com assistencialismo às pessoas”, embora “para algumas terá que ser [com assistencialismo] porque não têm capacidade de trabalhar”.
Ainda assim, D. José Traquina diz que “há que pensar como é que se desenvolve uma economia em que o objetivo das empresas não pode ser apenas o lucro; o objetivo da economia não pode ser apenas o PIB”.
“O Objetivo são as pessoas. É preciso mudar o registo, mudar o objetivo de todo esse sistema para que a sociedade seja mais justa, integre mais e cuide mais e de forma mais alargada", refere o prelado.
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social lembra o cuidado que o Papa tem dedicado às questões ligadas à economia. D. José Traquina diz que “o Papa Francisco foi um cuidador desta matéria quando convidou os economistas jovens e os estudantes de economia a pensarem numa economia de futuro para todos, com uma sociedade mais justa”.
O bispo sublinha que o Papa “pôs os jovens a pensar”, o que é muito curioso, pois não apontou o caminho, mas antes convidou-os a refletir sobre que futuro teremos".
Riscos na distribuição de fundos da “bazuca europeia”
Ainda ao nível da Europa, D. José Traquina admite riscos de deficiente distribuição dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a chamada “bazuca europeia”.
"Esse risco haverá sempre, se não tivermos pessoas com o sentido de bem, sentido de justiça, e se tivermos gente inspirada no oportunismo das situações”, admite o bispo de Santarém.
D. José Traquina lamenta o facto de, “infelizmente, haver sempre alguém que na sua maneira de estar não aplica uma moral, ou ética social de modo a ter em conta qual é o objetivo que se pretende".
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social alerta, também, para a necessidade de se corrigir o acesso ao Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES). Diz que as instituições mais débeis do ponto de vista económico não podem ser prejudicadas.
Nas palavras do bispo, “esse programa de apoio será feito de acordo com a capacidade que a instituição tem economicamente. Quer dizer, quanto mais alto for o autofinanciamento da instituição assim será também o apoio do PRR através do PARES”.
D. José Traquina entende que, desta forma, “as instituições mais fortes, que têm mais dinheiro, é que vão conseguir os apoios”, o que “para a coesão territorial do país levanta um problema”.
“Então e os centros sociais e as misericórdias do interior que têm menos proventos, que têm mais pobres, como é que vão concorrer?”, pergunta o bispo de Santarém.
D. José Traquina diz que se exige uma correção para que “as instituições mais débeis economicamente e do interior do país não sejam prejudicadas apenas porque têm menos dinheiro”, até porque “deviam ser mais ajudadas”.