Os recentes desenvolvimentos sobre o desaparecimento de Madeleine McCann, em maio de 2007, no Algarve, são mais do que uma mera suspeita, afirma à Renascença Rogério Alves, o advogado português do casal McCann.
O advogado português do casal McCann, Rogério Alves, diz que os pais da menina Inglesa aguardam com esperança o resultado da investigação alemã e britânica que sinalizou um suspeito de 43 anos a cumprir pena por abuso sexual.
À semelhança da comunicação social, foi na quarta-feira que o advogado da família McCann, Rogério Alves, soube da mais recente investigação das polícias britânica e alemã que admite ter localizado um novo suspeito do desaparecimento de Madeleine McCann, a 3 de maio de 2007, no Algarve. “Tive conhecimento ontem quando a generalidade das pessoas teve”, diz o advogado à Renascença.
Um alemão de 43 anos, que na altura teria 30, que está detido num estabelecimento prisional na Alemanha pela prática de abuso sexual de menores.
Em declarações à Renascença, o advogado português dos pais da criança desaparecida começa por dizer que não sabe “qual a dose de convicção e robustez que os elementos das polícias revelarão”.
“Não sei em que medida lhes parece mais ou menos provável que esta pessoa esteja envolvida no crime, mas para ter havido esta tomada pública de posição é porque seguramente a policia alemã e inglesa entendem verosímil que esta pessoa tenha estado envolvida, tendo elementos concretos que vão além da mera suspeita de ser uma pessoa condenada por estes crimes e que estaria no Algarve na altura”, sublinha Rogério Alves.
A identidade do suspeito não foi ainda revelada, mas sabe-se que terá vivido em Portugal entre 1996 e 2007.
Na sequência desta investigação e perante factos consolidados, Rogério Alves admite que “não seria impossível reabrir o caso em Portugal”, explicando, “assim haja motivos e fundamentos para o fazer”.
“Mas não vamos especular. Isso será matéria que a Polícia Judiciária ponderará e terá sempre em conta os quadros de cooperação internacional”, assinala.
O advogado acrescenta que “se houvesse, por razões de investigação a recolha de indícios, eles teriam conexão com território português. Aí o Ministério Público pode entender que são, ou não, suficientes para reabrir o inquérito. Dependendo do crime, não tendo havido prescrição, ou outro motivo que impeça a ação penal, alguém, mesmo preso por outro motivo fora do território nacional, poderá ser perseguido criminalmente também em Portugal se houver motivos sólidos”, lembrando que a uma ligação inevitável com o nosso país porque os factos ocorreram cá”.
Rogério Alves salienta que, ao contrário do que já aconteceu no passado, esta “investigação é da polícia, não há dúvida”.
“Uma coisa é ter sido arquivado em Portugal, onde não foi possível apurar o que aconteceu e descobrir os autores dos factos e apenas se percebeu que a criança desapareceu sem se desvendar o que aconteceu, mas o assunto permanece por resolver”, sublinha.
Perante críticas de que o recurso ao pagamento de informadores leva ao surgimento de suspeitas frequentes, Rogério Alves argumenta dizendo que “é preciso manter claro que uma coisa é o que aconteceu: uma criança desapareceu e ninguém foi capaz de determinar o que foi. A partir daí utilizam-se estratégias das polícias e de investigação. Se passa por informadores remunerados, ou não, são questões que transcendem a família que só quer a verdade por meios lícitos, e esses são os usados pelas polícias”.
Pais de Maddie com nova esperança
O assunto está em aberto, explica o advogado que já contactou os pais. “Eles sofrem com o prolongamento desta situação. Cada vez que surge uma possibilidade de chegar à verdade, surge a expectativa de que finalmente possa haver desfecho e recuperar a filha em vida”.
Rogério Alves afirma que “estas informações vindas da polícia trazem um reforço de legitimidade e esperança, mais do que se fossem informações de uma mera especulação de fonte incerta”.
A família inglesa aguarda, por isso, com esperança que a investigação termine.
O Ministério Público adiantou já que o inquérito sobre o desaparecimento de Madeleine McCann encontra-se em investigação com diligências em curso, designadamente inquirição de testemunhas em Faro, no Algarve.
No âmbito do inquérito admite que estão a ser "realizadas todas as diligências que se revelem pertinentes”.
A Polícia Judiciária tinha decidido reabrir a investigação em 2013, depois de o caso ter sido arquivado pela Procuradoria-Geral da República, em 2008, ilibando os três arguidos, os pais de Madeleine, Kate e Gerry McCann, e um outro britânico, Robert Murat, mas acabou novamente por ser arquivada.