O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho foi ouvido esta quinta-feira na instrução do processo BES/GES durante pouco mais de duas horas pelo juiz Ivo Rosa, no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa, saindo sem prestar esclarecimentos aos jornalistas.
Passos Coelho chegou ao Campus da Justiça pelas 14h05 e avisou logo que não iria prestar declarações à entrada do tribunal por estar “um bocadinho atrasado”, uma vez que a sua audição estava agendada para as 14h00.
Sensivelmente duas horas e meia depois, o antigo governante abandonou as instalações, reiterando a sua vontade de não prestar declarações.
“Há de haver uma razão para estas audiências terem decorrido à porta fechada e, portanto, será junto do tribunal que deverá fazer a inquirição que considerar pertinente”, disse Passos Coelho, resumindo: “Recebi uma intimação para vir ao tribunal e vim, como qualquer cidadão. Se o tribunal entendeu que me devia ouvir e me intimou para esse efeito, eu aqui vim”.
A sessão de hoje da instrução do processo BES/GES contou ainda com as audições das testemunhas Eduardo Catroga e Adelino Matos, ambos arrolados pela defesa do ex-presidente do BES Ricardo Salgado.
O processo BES/GES conta com 29 arguidos (23 pessoas e seis empresas), num total de 356 crimes.
Considerado um dos maiores processos da história da justiça portuguesa, este caso agrega no processo principal 242 inquéritos, que foram sendo apensados, e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro. Segundo o Ministério Público (MP), cuja acusação contabilizou cerca de quatro mil páginas, a derrocada do Grupo Espírito Santo (GES), em 2014, terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.