O antigo administrador da TAP, Diogo Lacerda Machado disse não compreender a decisão do estado em pagar 55 milhões de euros a David Neeleman para sair da TAP em 2020.
Questionado pela deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, sobre se conhecia o pagamento de 55 milhões de euros a David Neeleman para sair da companhia aérea e se sabia qual a sua razão, Lacerda Machado respondeu que não esteve envolvido na decisão e que não a compreende.
“Não faço a menor ideia, não tive o mínimo envolvimento nessa circunstância. Vai ter de fazer essa pergunta a quem tomou essa decisão. Eu não a compreendo”.
Lacerda Machado justificou então a afirmação dizendo que, com a alteração provocada pela pandemia da Covid-19 e subsequente auxílio estatal, “todos os acordos e contratos feitos até então perderam sentido”.
“O meu entendimento é que o acordo para social não vigorava mais. Volto a sublinhar, não vigorava mais a alteração tão radical das circunstâncias, no meu entendimento, levou a que todo o capital, até então investido na TAP tivesse sido perdido”, referiu Diogo Lacerda Machado.
O antigo administrador da TAP que negociou a reversão parcial da privatização em 2016 revelou ainda na comissão parlamentar de inquérito à TAP que já foi contactado por várias entidades interessadas na privatização da TAP, e que não afasta a hipótese de se envolver.
“Tenho sido procurado por várias entidades, tenho sido procurado por várias e não vejo nenhum conflito de interesses nisso. Antecipo já que não aceitei nenhuma das abordagens, mas não excluo envolver-me, se achar que posso ser útil à própria TAP. Fora disso e não me envolverei, seguramente”, revelou Diogo Lacerda Machado em resposta á deputada Mariana Mortágua.
Lacerda Machado, que é o melhor amigo do primeiro-ministro garantiu ainda que desde abril de 2020 que não fala com o primeiro-ministro sobre a TAP.
Nas primeiras três horas de audição, o antigo administrador da TAP considerou que a companhia aérea “está muitíssimo bem entregue” ao novo presidente, Luís Rodrigues, defendendo que “finalmente” houve uma “escolha extraordinariamente bem feita” para dirigir a empresa.
Lacerda Machado foi questionado pelo PS sobre os resultados do primeiro trimestre da TAP conhecidos ontem. Apesar dos prejuízos, o antigo administrador da companhia aérea garantiu serem óptimas notícias e que podem ajudar á privatização.
“Na sua história a TAP só ganha dinheiro no Verão, e alguma coisa no Natal, por isso ter um prejuízo de 57 milhões, por estranho que pareça, significa que vai num excelente caminho. O que é ótimo para o caso de suscitar interesse de eventuais candidatos à privatização” concluiu Lacerda Sales.