O PSD diz que o relatório sobre o furto de material de guerra nos Paióis Nacionais de Tancos não traz conclusões nem factos novos e não tranquiliza os portugueses.
O deputado social-democrata Bruno Vitorino lamenta, em declarações à Renascença, que o Governo continue uma política do não esclarecimento sobre o que aconteceu e ausência de responsabilidades.
“Não esclarece o essencial. No fundo, todas as dúvidas que tivemos desde o início sobre este triste episódio mantêm-se. Não é só dar a resposta como foi possível acontecer, como aconteceu. Percebemos que há matérias que estão a ser investigadas – e essas compreendemos – mas há outras que nunca foram assumidas pelo ministro da Defesa, nomeadamente ao nível da responsabilidade política nesta matéria”, afirma Bruno Vitorino.
As dúvidas sobre o que aconteceu e as várias "trapalhadas" continuam por esclarecer, lamenta do deputado do PSD.
“Como foi possível que a secretária-geral dos Sistemas de Segurança Interna ou o ex-secretário-geral do Sistema de Informação da República tenham conhecimento de um caso destes, mais de 24 horas depois, e pela comunicação”, questiona.
Bruno Vitorino fala num “conjunto de trapalhadas” e recorda as “declarações dúbias do ministro das Defesa”, quando admitiu a hipótese de não ter existido qualquer furto.
O deputado social-democrata refere que a Comissão Parlamentar de Defesa vai agora fazer uma análise mais aprofundada do relatório. O PSD vai continuar a exigir que o Governo esclareça tudo o que aconteceu em Tancos.
"Falta de respostas" a "perguntas vitais"
O CDS-PP também criticou esta quinta-feira a "falta de respostas" a "perguntas vitais" sobre o furto de material militar em Tancos no relatório divulgado pelo Ministério da Defesa e lamentou que "não tenha sido assumida" qualquer responsabilidade política.
"Destacamos que este relatório tem 300 páginas e está disponível para todos mas não responde às perguntas para as quais os portugueses precisam de ter uma resposta, o quem, quando, como e porquê e qual o nexo de causalidade", assinalou o deputado João Rebelo.
Em declarações aos jornalistas no parlamento, o deputado do CDS considerou "preocupante" que o relatório, passados 266 dias do furto e 155 dias depois da recuperação do material, não defina "o dia próprio e a hora própria em que o roubo aconteceu", não respondendo "às questões vitais para o apuramento da verdade".
O relatório apresenta um resumo histórico dos paióis nacionais de Tancos desde a origem e as suas "constantes dificuldades e insuficiências", descreve os sistemas de proteção e vigilância, faz uma cronologia dos acontecimentos, estabelece o enquadramento jurídico e as competências legais, as ações desenvolvidas pelo Ministério e pelos ramos militares, em especial o Exército.
No documento, intitulado "Tancos 2017: Factos e documentos", o Ministério da Defesa admite como "evidentemente legítima" a pergunta de "quem, quando, porquê e como perpetrou o furto de material de guerra nos Paióis Nacionais de Tancos".
Contudo, recomenda que se deverá aguardar "serenamente, para resposta cabal, pelo termo das investigações (que, à data da divulgação deste dossier, ainda decorrem), orientadas por quem de direito, o Ministério Público".
O Exército divulgou no dia 29 de junho do ano passado o desaparecimento de material militar dos paióis de Tancos - entretanto desativados - que foi recuperado pela Polícia Judiciária Militar em outubro, a 21 quilómetros do local.