Ex-adjunto de Galamba diz que foi "ameaçado pelo SIS" e injuriado por Costa
17-05-2023 - 13:56
 • Ricardo Vieira e Cristina Nascimento

Frederico Pinheiro presta esclarecimentos na comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP. Garante que não roubou nenhum computador e diz que foi agredido e sequestrado no Ministério das Infraestruturas. Ex-adjunto acusa o ministério de Galamba de tentar omitir informação.

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Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, garante que cumpriu sempre as suas funções de forma "leal", não omitiu informação, diz que foi "ameaçado pelo SIS" e difamado e "injuriado" pelo primeiro-ministro, António Costa, e por João Galamba. Veja a transmissão em direto no site da ARTV.

Frederico Pinheiro está a prestar esclarecimentos na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à gestão da TAP.

“Fui adjunto em três governos de António Costa. Do primeiro ao último dia cumpri sempre as minhas funções de forma empenhada e leal”, afirmou Frederico Pinheiro na sua declaração inicial.

O ex-adjunto de João Galamba garante que nunca "sonegou ou omitiu informação para a tomada de decisão política dos membros do Governo".

Frederico Pinheiro garante que sempre defendeu o "interesse público" no caso da TAP.

"Não roubei computador. Atiram-se para cima de mim""

Sobre os incidentes no Ministério das Infraestruturas, em que é acusado por João Galamba de agressões a membros do gabinete e de roubar um computador, Frederico Pinheiro diz que ligou à PSP para "pôr fim" ao que considera ter sido um "sequestro".

O ex-adjunto disse ainda aos deputados: "não roubei nem furtei computador nenhum, não parti nenhum vidro", "não agredi ninguém". Conta que quatro elementos do gabinete do Ministério das Infraestruturas "atiram-se para cima de mim". "Agarram-me, empurraram-me e a tentaram tirar-me a mochila", relatou.

"Estas acusações do Governo são falsas", sublinha. "Sou o agredido e não o agressor. Tenho relatório médico", declarou.

Frederico Pinheiro adianta que vai defender o seu bom nome e direitos nas "instâncias judiciais próprias".

"Intenção de omitir informação" e "apagão" de mensagens

Foi João Galamba a autorizar a participação da CEO da TAP numa reunião com o grupo parlamentar do PS, a 17 de janeiro deste ano, declarou o ex-adjunto.

Disse ainda que tirou sempre "notas em reuniões com entidades externas" e garante que nunca pretendeu omitir à CPI da TAP as notas da reunião de 17 de janeiro, e que o manifestou ao gabinete de João Galamba.

O ex-adjunto também não sabe explicar o "apagão" total de mensagens após uma intervenção no seu telemóvel de serviço.

Questionado pelos deputados e depois de consultar o seu advogado, Frederico Pinheiro concordou em entregar o telemóvel à Polícia Judiciária para tentar recuperar as mensagens.

Frederico Pinheiro considera que houve "intenção de omitir informação numa clara tentativa de desresponsabilização política".

Considera que há um "padrão de omissões e contradições, algo que já foi realçado por membros do grupo parlamentar do PS".

“Fica claro que se havia alguém que queria omitir factos, essa pessoa não era eu. Que interesse ou vantagem teria eu, um mero adjunto que foi sempre leal e honesto no seu trabalho, em omitir ou ocultar esta informação? Não consigo vislumbrar absolutamente nada”, afirmou.

Frederico Pinheiro ainda espera agendamento para entregar o seu telemóvel de serviço, “um mini-computador”, e adianta que não tem em seu poder qualquer documento classificado.


Ventura quer denúncias comunicadas ao Ministério Público

O deputado do Chega, André Ventura, foi o primeiro a questionar o antigo adjunto Frederico Pinheiro. Ventura considera "inacreditável" o relato feito na CPI e classifica como "inédito" as acusações de roubo por parte do primeiro-ministro e do ministro João Galamba.

André Ventura apelou ainda a que o Ministério Público (MP) "esteja atento", nomeadamente quanto ao alegado crime de sequestro que Frederico Pinheiro ter sido alvo. "É um crime público", lembrou o deputado, pedido que a Comissão "deve dar conhecimento ao Ministério Público" a denúncia feita.

Ventura questionou ainda Pinheiro sobre a intervenção feita ao seu telemóvel, ordenada pela chefe de gabinete Eugéria Correia. Frederico Pinheiro diz ter autorizado, mas que, na sequência dessa intervenção, terem sido apagados todos os registos anteriores a 26 de abril. Perante esta resposta, André Ventura pediu "que seja comunicado ao Ministério Público a destruição de elementos de natureza pessoal e profissional sem autorização".

O deputado do Chega solicitou ainda a Frederico Pinheiro a disponibilização do relatório médico que o antigo adjunto de Galamba revelou existir sobre os ferimentos que alegadamente sofreu na sequência do incidente no Ministério das Infraestruturas.

André Ventura questionou também Frederico Pinheiro se, perante as acusações de roubo de que é alvo, pretende processar António Costa ou João Galamba, mas Pinheiro não respondeu a essa questão.