Encarregados de educação de um colégio em Lisboa denunciaram ter recebido na escola uma carta aberta, datada de julho, que considera que os jovens e as crianças não devem ser vacinados contra a Covid-19.
Em declarações à Lusa, Hugo Mouro disse ter achado a "situação muito estranha", depois de ter percebido que os papéis que uma das auxiliares lhe tinha dado à entrada do estabelecimento de ensino tinham a ver com uma carta contra a vacinação e não sobre a questão da baixa da educadora do seu filho.
"Vi que estavam outros pais a receber os papéis, mas só quando cheguei ao carro vi o que eram. Como a educadora do meu filho está de baixa e não recebemos qualquer tipo de informação oficial até agora, pensei que era esse o caso", começou por explicar.
No entanto, depois de ler os documentos em questão, a carta aberta datada de 24 de julho, em que diversos médicos sustentam que a vacina contra a covid-19 tem poucos benefícios nos jovens e nas crianças, decidiu ir buscar o filho e retirá-lo da escola em questão.
Hugo Moura explicou que até esta sexta-feira não tinha qualquer tipo de queixa contra o colégio "O Pelicano", adiantando ter investigado sobre o mesmo, na altura de escolher a escola do filho.
"Ainda estou a processar, não estava nada à espera. Vê-se que a primeira folha do documento é descaracterizada, não há logótipo nenhum do colégio, só se encontra datada de 30 de outubro e é assinado pela Direção do Colégio.
Para o encarregado de educação, "não são as escolas a ditar a saúde publica", pelo que se mostrou desagradado com a "situação peculiar" que viveu.
Outra encarregada de educação, que preferiu não ser identificada, confirmou igualmente que o documento de várias páginas tinha sido distribuído à entrada por uma auxiliar do colégio, na presença da diretora da escola, que habitualmente se encontra numa das entradas a receber as crianças.
Na primeira folha do documento que foi facilitada à Lusa, tanto pelo encarregado de educação, como pela direção da escola, lê-se: "Caros pais, os diretores dos Agrupamentos de Escolas, de Escolas Secundárias, das Escolas Profissionais, das Escolas Básicas e dos Colégios Particulares recebemos a informação que juntamos".
Numa resposta à Lusa, a direção do colégio "O Pelicano" explicou ter recebido a carta aberta e ter entendido distribuir aos funcionários e aos pais a informação que chegou.
"No dia 30 de setembro, a diretora do colégio entregou estes papéis aos 19 funcionários. No dia 1 de outubro foram entregues aos pais do grupo de crianças dos três anos", refere a resposta assinada pela diretora do colégio e vice-presidente da Fundação A Caridade, Marina Aires Pereira.
A 24 de julho deste ano, diversos médicos de diferentes especialidades mostraram-se contra a vacinação contra a Covid-19 em crianças e jovens saudáveis, por considerarem que os benefícios de administração da vacina nesta população não superam os riscos.
Através de uma carta aberta, os especialistas sustentaram que o argumento de proteção dos mais idosos para justificar a vacinação em jovens “não é eticamente aceitável”, defenderam que a vacina tem poucos benefícios neste grupo etário, lembram que a doença se manifesta nesta população quase sempre de forma ligeira ou assintomática e apontam para alguns efeitos secundários mais graves, como uma relação das vacinas (Pfizer/BioNTech e Moderna) com um risco muito raro de inflamações cardíacas (miocardite e pericardite).