Sindicato dos Médicos defende testes alargados no universo das prisões
21-05-2020 - 22:01
 • Lusa

“Não se pode facilitar", diz o sindicato, recordando o caso de "dois reclusos que voltaram de precária testaram positivo. A situação é preocupante porque se prevê nos próximos dias centenas de situações semelhantes e com perigo de infeção”.

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O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) enviou esta quinta-feira um ofício ao Governo a reiterar que, nas prisões, “seria importante sinal de preocupação” testar os clínicos, os guardas prisionais e os elementos dos hospitais prisionais, durante a pandemia de Covid-19.

“Seria importante sinal de apreço e preocupação na defesa da saúde dos seus profissionais e dos reclusos se se decidisse testar os médicos, os guardas prisionais e mesmo os elementos de topo do hospital e das direções dos estabelecimentos prisionais, bem como da Direção-Geral de Reinserção dos Serviços Prisionais”, sublinha o SIM, num oficio enviado ao secretário de Estado Adjunto da Justiça (SEAJ).

Esta medida seria, defende o sindicato, “à semelhança do Ministério da Educação, os educadores de infância e auxiliares, nos lares da Segurança Social, no Ministério da Agricultura, os pescadores e a Federação Portuguesa de Futebol com os jogadores”.

“Nas prisões, esperamos que possa ser concretizado o que é afirmado no ponto 16, na resposta de testar os contactos de infetados”, afirma o SIM, saudando as “modificações efetuadas” desde o seu primeiro alerta, e apelando “para que não se baixe a guarda e que ao invés, se reforcem as medidas de proteção, nomeadamente na utilização de máscaras FFP2 para os profissionais de saúde e para que os circuitos [prisionais] sejam permanentemente monitorizados e criados locais de isolamento de suspeitos respiratórios.

O sindicato recorda que “só depois dos alertas do SIM, e do compromisso público da ministra da Justiça, “é que passou a ser hábito usar máscara” nos serviços nas prisões, pois “até aí quem o fazia eram alguns enfermeiros e médicos e por sua iniciativa e com material próprio”.

“Em qualquer organização, se quem lidera não dá sinais de inequívoco apoio, proteção e vontade de valorização dos seus profissionais, algo está errado”, afirma.

Isto para considerar que “está errado, a falhada aposta em prestadores de serviço médico, através de empresas, em que alguns dos seus profissionais receberam adiantado do Ministério da Justiça, mas “não pagaram aos médicos”.

“Está errado, na recusa do Ministério da Justiça em negociar um Acordo Coletivo de Empregador Público, que tal como foi feito no Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, poderia introduzir a Carreira Médica, a investigação e a formação dos médicos especialistas, que tanta falta fazem também no sistema prisional”.

O SIM argumenta que “as idoneidades formativas mesmo que parciais em algumas especialidades deveriam ser prioridade e perfeitamente possíveis com pequeno investimento na melhoria da qualidade”.

“O reconhecimento dos graus de consultor e de assistente graduado sénior seria decerto um incentivo para aumentar o âmbito de recrutamento, bem como a participação em congressos cursos e no espaço mediático”, defende.

Considera errado também “persistir na política de não testar os médicos, enfermeiros e guardas prisionais”.

“E não se pode facilitar, ontem [quarta-feira] soube-se que dois reclusos que voltaram de precária testaram positivo. A situação é preocupante porque se prevê nos próximos dias centenas de situações semelhantes e com perigo de infeção”, justifica.

O sindicato manifesta a disponibilidade para “visitar e reunir-se” com o secretário de Estado para apresentar as suas propostas, “entretanto já com os profissionais de saúde testados”.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 328 mil mortos e infetou mais de cinco milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 1,8 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.277 pessoas das 29.912 confirmadas como infetadas, e há 6.452 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.