Auditoria conclui que SAD do Benfica "não foi diretamente lesada pelos seus representantes"
14-06-2024 - 10:22
 • Eduardo Soares da Silva

Relatório foi publicado esta sexta-feira, em véspera de Assembleia Geral do clube. Foram encontradas comissões acima do aconselhado pela FIFA e negócios com entidades sedeadas em paraísos fiscais e intermediações com conflito de interesses.

A SAD do Benfica anunciou, esta sexta-feira, que a auditoria forense pedida pela administração liderada por Rui Costa na sequência da Operação "Cartão Vermelho" concluiu que "não foi encontrada situação em que a SAD tenha sido diretamente lesada por qualquer um dos seus representantes".

O Ministério Público investigou a intervenção de Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica, na compra e venda de 51 jogadores e as comissões desses respetivos negócios. As suspeitas eram de práticas crimes de burla qualificada, abuso de confiança agravado, falsificação de documentos e branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.

Os resultados da auditoria foram publicados em véspera da Assembeia-Geral do clube e numa altura de alguma turbulência interna com a demissão de Luís Mendes, administrador executivo da SAD.

A auditoria da EY analisou 6111 contratos, 2349 recibos de vencimento, 119 comissões de transferências e 735 estatísticas sobre a performance de jogadores para confirmar correlação com a valorização ou desvalorização dos mesmos.

O relatório conclui que em 71% dos casos "os agentes envolvidos receberam comissões superiores a 3% da remuneração bruta", o valor aconelhado pela FIFA, e "44% de casos onde os Agentes envolvidos receberam Comissões superiores a 10% do valor da transferência". No entanto, isso "não indica, necessariamente, uma prática inadequada".

"Adicionalmente, importa referir que de acordo com informações obtidas, quando a transferência de um jogador não implica nenhum fluxo financeiro (“custo zero”), é prática habitual do mercado que o valor a pagar de comissão ao agente seja mais elevado do que seria em condições normais", acrescenta.

Dos negócios avaliados, cinco jogadores não fizeram qualquer jogo pelo Benfica e 10 só integraram a equipa B ou equipas de formação.

Na análise aos agentes e intermediários utilizados, a auditoria deteta 15 situações onde não foi possível identificar a estrutura acionista completa das entidades com as quais a Benfica SAD se relacionou, 10 situações onde as entidades com as quais a Benfica SAD estabeleceu uma relação de negócio se encontram sedeadas em paraísos fiscais e 10 situações onde o agente/intermediário responsável pela intermediação do negócio dos jogadores apresenta um conflito de interesses com o próprio jogador.

Nestes negócios, a auditoria conclui que o saldo é positivo em favor da SAD do Benfica em 97 milhões de euros.

De acordo com a nota da SAD do Benfica, os resultados da auditoria foram já enviados para o Ministério Público, uma investigação que continua em curso.

[Atualizado às 10h50]