A Confederação do Turismo de Portugal (CTP) apontou esta terça-feira que Portugal já perdeu quase 650 milhões de euros pela não decisão de um novo aeroporto, valor que está agora visível num contador eletrónico junto à 2.ª circular, Lisboa.
O cálculo é realizado desde 14 de julho e atualizado ao segundo no contador eletrónico que foi hoje inaugurado na 2.ª circular, em Lisboa, junto ao Aeroporto Humberto Delgado, sendo resultado de um estudo da CTP com a EY.
“O ano passado iniciámos um estudo com a Ernst & Young [EY] para tentar medir qual o impacto da não decisão de um aeroporto e, desde logo, pensámos na ideia de colocar este contador, que já estava no nosso ‘site’, para que as pessoas em geral e o poder político em particular pudessem ter noção do custo da não tomada de uma decisão sobre o aeroporto”, apontou o presidente da CTP, Francisco Calheiros, em declarações aos jornalistas, em Lisboa.
Desde julho e até às 16h30 de hoje o número aproxima-se dos 650 milhões de euros, sendo resultado de uma análise que contou com a participação de todos os ‘stakeholders’ (partes interessadas), nomeadamente agências de viagens, hotelaria, aviação, aeroportos, animação, restauração, entre outros.
“Calculámos quantas frequências estávamos a perder [devido à falta de ‘slots’], qual o tráfego médio e o gasto médio por turista” para apurar o número divulgado, explicou.
Francisco Calheiros sublinhou que a opção mais rápida, com o aeroporto complementar do Montijo (Portela+1), leva Portugal a perder 7.000 milhões de euros em receitas e 20 mil postos de trabalhos.
Assim, reiterou a necessidade de uma decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa, considerando ser “uma vergonha” Portugal esperar 50 anos por uma nova solução.
O presidente da CTP adiantou ainda que o funcionamento do contador eletrónico está previsto para até ao final do corrente ano, altura em que se espera que haja uma decisão sobre esta matéria.
De acordo com o estudo da CTP e da EY, entre 2010 e 2019, antes da pandemia de covid-19, o número de passageiros movimentados, anualmente, em Lisboa, mais do que duplicou (122%) para 31 milhões.
Em 2020 e 2021, a atividade no Aeroporto de Lisboa sofreu uma “contração significativa” devido à pandemia e aos seus efeitos ao nível do turismo e da mobilidade internacional.
Esta análise conclui ainda que o “estrangulamento na capacidade” do atual aeroporto é visível, por exemplo, através dos atrasos nas partidas e chegadas.
Dados do Eurocontrol, reportados a 2019, indicam que Lisboa estava no grupo dos aeroportos europeus com maiores atrasos nas chegadas (4,13 minutos) e partidas (4,27 minutos).
A confederação do Turismo integra a Comissão Técnica Independente (CTI), que vai levar a cabo a avaliação ambiental estratégica para a expansão aeroportuária na região de Lisboa.
Beja e Alverca entraram na lista de possíveis localizações para o novo aeroporto de Lisboa, que ascendem agora a sete.
“Vamos analisar outras opções que, entretanto, também já nos chegaram como propostas […] e a resolução do Conselho de Ministros previa isso, que nós decidíssemos que outras propostas iríamos analisar e, portanto, vamos analisar também, pelo menos mais Alverca e mais Beja, que já nos chegaram”, disse, no dia 28 de janeiro, em entrevista à Lusa, a professora Rosário Macário, que integra a CTI que vai levar a cabo a avaliação ambiental estratégica para a expansão aeroportuária da região de Lisboa.