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Chega esta quinta-feira ao fim mais uma WebSummit. Três dias de palestras, debates e trocas de ideias entre investidores, startups, multinacionais e figuras da esfera pública reuniram mais de 70 mil pessoas de 153 países em Lisboa.
O último dia foi marcado por mulheres que inspiram e pela atribuição dos habituais prémios da cimeira tecnológica, com o ministro da Economia, António Costa Silva, a encerrar a WebSummit com um discurso menos esfuziante do que Marcelo Rebelo de Sousa nos habituou nos últimos anos.
Uma figura controversa desde que entregou documentos classificados ao Wikileaks, Chelsea Manning veio à cimeira falar de privacidade, pedindo que se construam ferramentas digitais “de forma diferente”. “Não quero viver num mundo em que as relações que temos têm um valor numérico”, disse.
No mesmo dia, também a mulher de Julian Assange, fundador do Wikileaks, passou pelo palco central da Web Summit. Stella Assange acusou a administração de Joe Biden de prolongar a acusação de espionagem, considerando que esta é uma forma de restringir a liberdade de imprensa e criminalizar o direito do público de ser informado.
Entrevistada pela Renascença, a antiga internacional inglesa Eniola Aluko também marcou presença na WebSummit deste ano. Vincando que o futebol “não é só para homens, nem é só para mulheres”, a nova membro da Excelentíssima Ordem do Império Britânico, que se associou a um consórcio que apela à igualdade de género, quer “dar forma a mudanças culturais”.
Também Sage Lenier quer fazer parte desta mudança. Considerada como uma das “Líderes da Nova Geração” pela revista Time, a ativista climática falou no palco central da necessidade de uma economia circular para combater a crise climática.
Em entrevista à Renascença, apontou o dedo à “ganância” das gerações mais velhas, alertou que vamos começar a ver “refugiados do clima” e sublinhou que o problema não se resolve com carros elétricos ou a redução do plástico.
Noutro painel, uma holding, uma associação e uma eurodeputada portuguesa juntaram-se para falar sobre startups “clean tech” - empresas dedicadas a desenvolver tecnologias que reduzam os impactos ambientais negativos, como as formas de energia alternativas -, em que defenderam a cooperação como única alternativa "para apanhar o contrarrelógio das alterações climáticas".
Contribuindo para o tema central desta WebSummit, a Inteligência Artificial, um painel debateu a mobilidade e emprego de imigrantes e refugiados com a ajuda de tecnologia como forma de integrar estas pessoas na sociedade: um “dois em um”, como explicaram, que não vai ser prejudicado com o crescimento da IA.
Esse é também o sentimento na área da Medicina, onde o médico David Luu defendeu que, apesar da "democratização das tecnologias" ser importante, "nada substitui um abraço".
O encerramento da WebSummit ficou também marcado pela entrega de prémios. A grande vencedora deste ano foi a brasileira Inspira, que promete ser o “primeiro unicórnio legal” e um “copiloto para advogados”.
Por cá, foram reconhecidas três startups portuguesas que mais se destacaram: a Ethiac, uma plataforma de cibersegurança, foi considerada a mais promissora; a Actiff Age, que combate o sedentarismo das pessoas mais velhas, foi considerada a startup com maior potencial de impacto social; e a Jupiter App, uma plataforma virada para os trabalhadores independentes e para a suas necessidades de organização fiscal.
No fecho da cimeira, António Costa Silva deixou uma palavra de incentivo a quem trouxe os seus negócios e ideias à Web Summit deste ano: “Não desistam dos sonhos e das vossas ideias”, lembrando o caso da Kodak.
Em 1975, um especialista apresentou a sua ideia para uma câmara digital e foi “quase expulso”. “Hoje as câmaras digitais dominam o mundo e a Kodak faliu.”