"Se fosse crente diria que era um milagre", afirmou esta sexta-feira António Costa sobre o seu regresso à política ativa e a eleição para presidente do Conselho Europeu, após a demissão do Governo e a Operação Influencer.
Sem perdas de tempo, o presidente eleito do Conselho Europeu viajou para Bruxelas e já se reuniu com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com aquela que será provavelmente a próxima chefe da diplomacia dos 27, Kaja Kallas.
Numa das suas deslocações a Bruxelas, numa referência ao caso "Influencer", António Costa chegou a admitir que seria necessário um milagre para continuar na vida política. O presidente eleito do Conselho Europeu não é crente, mas considera que hoje a sua situação é hoje manifestamente diferente.
“Se eu fosse crente, porventura, diria que era um milagre, mas a vida é feita de mudanças e muita água correu no Tejo desde esse dia. Hoje, manifestamente, estamos numa situação diferente daquela que estávamos nessa altura”, sublinha António Costa.
Em declarações aos jornalistas, António Costa disse compreender que a sua eleição para o Conselho Europeu não tenha sido por unanimidade. Teve um voto contra, da primeira-ministra italiana. António Costa compreende a posição de Giorgia Meloni, com quem conta colaborar com grande proximidade.
“O Conselho não é propriamente uma agremiação de tecnocratas, mas de políticos. Todos têm as suas famílias políticas, as suas orientações e votam e manifestam-se de acordo com as suas preferências. Compreendo perfeitamente o voto da primeira-ministra de Itália, com quem conto colaborar com enorme proximidade, como farei com os outros 26.”
António Costa socorre-se de uma máxima usada por Mário Soares, para dizer que o presidente do Conselho tem que ser o presidente de todos os chefes de Estado e de Governo que se sentam no Conselho Europeu, tratando todos por igual.
“O presidente do Conselho tem que se saber colocar acima das famílias políticas para o exercício das suas funções e ter uma noção clara e precisa que todos os 27 chefes de Estado e de Governo que se sentam no Conselho têm todos igual direito e merecem igual respeito e que é necessário contribuir e ajudar para que os consensos se formem”.
“Mário Soares criou a expressão ‘o Presidente de todos os portugueses’. O presidente do Conselho tem que ser o presidente de todos os que se sentam no Conselho Europeu”.
O antigo primeiro-ministro promete contribuir para o prestígio de Portugal e quer ser um gerador de consensos, com todas as tendências políticas, porque todos foram eleitos pelo seu povo.
Nestas declarações aos jornalistas, em Bruxelas, António Costa recorda os tempos da geringonça entre PS, PCP e BE.
O presidente eleito do Conselho Europeu declara-se focado no trabalho que aí vem e não antecipa os seus planos para 31 de maio de 2027, daqui a dois anos e meio.