Um membro do governo ucraniano criticou o dono da Tesla e da rede social X (antigo Twitter), Elon Musk, por dar ordens para desligar a rede de satélites da Starlink sobre a Crimeia no ano passado, a fim de impedir um ataque ucraniano a navios de guerra russos. De acordo com um relatório da CNN, as autoridades ucranianas e norte-americanas lutaram para restaurar o serviço, apelando diretamente a Musk, que acabou, eventualmente, por concordar.
“O Starlink não foi feito para se envolver em guerras. Foi feito para que as pessoas pudessem assistir Netflix e relaxar, estudar online e fazer coisas boas e pacíficas, não ataques de drones”, disse Musk, de acordo com a sua nova biografia. O dono da Tesla admitiu que estava preocupado que o ataque ucraniano aos navios russos pudesse provocar o Kremlin a iniciar uma guerra nuclear.
Starlink é a rede global da SpaceX com mais de quatro mil satélites que fornecem serviços para mais de 50 países. Na Ucrânia, o Starlink funcionou como tecido conjuntivo para comunicações cruciais no campo de batalha.
Um assessor do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, Mykhailo Podolyak, atacou Musk por causa da revelação. “Ao não permitir que drones ucranianos destruíssem parte da frota militar russa por meio da interferência do Starlink, Elon Musk permitiu que esta frota disparasse mísseis Kalibr contra cidades ucranianas”, escreveu na quinta-feira, nas redes sociais, depois de a CNN relatar alguns dos detalhes do livro. A biografia, intitulada de “Elon Musk”, vai ser lançada terça-feira, dia 12 de setembro.
“Como resultado, civis e crianças estão a ser mortos. Este é o preço de um cocktail de ignorância e grande ego”, acrescentou no X.
A decisão de Musk foi discutida num telefonema com o conselheiro de segurança nacional do presidente Joe Biden, Jake Sullivan, e o presidente do estado-maior conjunto do exército dos Estados Unidos da América, Mark Milley.
Desde que surgiram relatos de que a SpaceX tinha desligado a comunicação por satélite na Ucrânia, o Pentágono fez um contrato com a SpaceX. Os detalhes do contrato são desconhecidos – o porta-voz do Pentágono, Jeff Jurgenson, recusou-se a dizer mais “devido à natureza crítica destes sistemas”. Porém, colocar o Starlink sob contrato permite ao Pentágono mais controlo e, possivelmente, evitar que o serviço fosse desligado outra vez repentinamente.