A Covi-19 acabou por aproximar os portugueses, mesmo em tempo de quarentena (seja ela forçada ou voluntária). A pensar nos mais vulneráveis e nos que, por diversas razões não podem sair à rua, surgiu a plataforma SOS Vizinho.
Nasceu na passada semana e já conta com mil voluntários das mais variadas áreas profissionais em todo o país. Foi criada a partir de uma conversa nas redes sociais, conjugando a boa vontade de muitos internautas e o desafio de fazer algo diferente.
Cláudia Pereira, coordenadora do projeto, diz à Renascença que a ideia só seria possível “com pessoas e unindo pessoas”.
“É que esta pandemia gera um certo contrassenso: por um lado, obriga-nos a estar longe dos outros, mas por outro lado, para a conseguirmos ultrapassar, temos que nos juntar”, destaca.
Mas não é fácil criar esta rede de interajuda, admite: “tenho de juntar pessoas de confiança. Temos de ter noção que nós estamos à distância. Então qual foi a nossa estratégia? Fomos para o LinkedIn e aí já consigo ter uma cara e perceber quem é aquela pessoa, onde trabalha e qual o seu percurso profissional. E isso para nós pareceu-nos ser fulcral para que este projeto tivesse sucesso”, explica.
Todos quantos queiram ajudar podem participar. Cláudia Pereira quer alargar o projeto a todo o país, mas é um processo lento. Para que funcione, diz, é preciso ajuda: “há muita burocracia, há questões de processo, de logística e há aqui também a questão de segurança, quer por parte do voluntário quer por parte do próprio grupo de risco”.
“Temos de salvaguardar tudo isto. Temos muita energia, muita vontade,
queremos que isto aconteça, mas a verdade é que temos de envolver também as empresas. Elas, mais do que ninguém, têm estrutura e facilmente poderão ajudar-nos”, sublinha a coordenadora.
Por isso, fica o apelo aos empresários: “face às necessidades que temos, se achar que pode ser uma mais valia para o nosso projeto, peço, por favor, contactem-nos”.
A plataforma está disponível nas redes sociais e em SOSVIZINHO.pt.
Freguesias de Lisboa ajudam quem precisa
Conhecendo as fragilidades da sua população, a Junta de Freguesia do Areeiro, em Lisboa, lançou um serviço gratuito direcionado aos mais velhos.
O presidente, Fernando Braamcamp, explica que basta fazer o pedido na Junta. “Vamos ao supermercado ou à farmácia e no dia seguinte entregamos em casa de cada um. É um serviço gratuito, as pessoas só pagam os produtos e medicamentos no acto da entrega”.
O serviço conta já com algumas de pedidos, mas Fernando Braamcamp sublinha que a iniciativa é “apenas e só para a população da freguesia mais vulnerável. Temos de dar prioridade a quem se destina o programa. Primeiro que tudo, estão aqueles que mais necessitam. E é a esses que nós devemos e temos de dar apoio”.
Já a Junta de Freguesia de S. Domingos de Benfica decidiu assumir todas as despesas e transporte de bens essenciais a todos os fregueses de maior risco. E não fica por aqui. Tendo em conta as fragilidades de uma freguesia que também vive do comércio local, o presidente da Junta, António Cardoso, explica que este apoio excecional também vai abranger os lojistas.
“No comércio global, estamos a desenvolver esforços para que as taxas deixem de ser nesta altura cobradas. Por exemplo, as licenças. Vamos atrasá-las ou anulá-las durante 30 dias”, adianta.
As ondas de solidariedade estão também a crescer junto das empresas que, percebendo as dificuldades que a pandemia está a afetar na vida das populações, promovem ações de voluntariado, disponibilizando também serviços gratuitos de várias áreas, como descontos ou a facilidade de pagamentos de faturas e até oferecendo alojamento aos profissionais de saúde.
Nestas semanas marcadas pela pandemia do novo coronavírus, muitas são as iniciativas da sociedade civil e das instituições que promovem ações de voluntariado e de serviços.