Nas previsões sobre o que irá trazer o novo ano, que há pouco começou, ninguém omite a eleição presidencial nos Estados Unidos, apesar de ela ocorrer apenas no início de novembro. É que a perspetiva de mudança, para pior, que essa eleição acarreta não pode deixar ninguém indiferente.
Os partidários de Trump, nos EUA, e os seus seguidores pelo mundo fora, consideram que a vitória do seu ídolo lhes vai trazer a felicidade. Ou que, pelo menos, Trump irá fazer a vida negra aos seus adversários, que ele trata como inimigos. Seria uma espécie de vingança.
Entre os inimigos de Trump contam-se os juízes que têm levado este político a tribunal, pelos mais variados motivos. Multiplicam-se os casos judiciais envolvendo Trump. Com a habilidade que se lhe reconhece, Trump vitimiza-se e denuncia uma alegada “caça às bruxas”, assim ganhando mais popularidade.
Mas importa dar atenção ao tom que Trump emprega para se queixar da justiça do seu país e subir nas sondagens. É um tom de uma extrema agressividade, que raia o insulto aos magistrados envolvidos. Um tom que lembra o tempo em que, na Europa dos anos 20 e 30 no século passado, ascendiam ao poder nazis e fascistas, promovendo o culto da violência e acusando a democracia de ser um regime ultrapassado.
Trump não defende a democracia americana, combate-a. É coerente da parte de quem só aceita resultados eleitorais que lhe deem a vitória. Mas será que um tal regime ainda merece a qualificação de democrático? Não parece.
Esta recusa em aceitar resultados eleitorais desfavoráveis é seguida pelos seus fiéis, como é o caso de Bolsonaro, o ex-presidente brasileiro que há dias apoiou publicamente André Ventura e o seu partido Chega.
No plano internacional Trump quer agradar a ditadores como Putin, ao mesmo tempo que se dispõe a mandar para o caixote do lixo criações americanas como a NATO e a própria ONU. Sabe-se como Trump se vangloria de ir acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas – retirando aos ucranianos o apoio de Washington e oferecendo uma vitória à Rússia de Putin.
Além, claro, de Trump não valorizar a integração europeia, movimento que muito deve à diplomacia americana depois do fim da II guerra mundial. É duvidoso que a UE possa sobreviver a uma nova presidência de Trump. Daí que seja importante alertar para o que uma vitória de Trump na eleição de novembro poderá significar. Entre nós, as ideias de Trump – se é que se podem assim classificar - seriam muito pouco sintonizadas com as comemorações do cinquentenário do 25 de Abril e da restauração da democracia.