Cerca de uma quinzena de professores de Técnicas Especiais do Ensino Artístico pediram esta terça-feira uma saída para a sua situação de precariedade, através da vinculação, num protesto em frente à escola António Arroio, em Lisboa.
Com distanciamento entre si, separavam-nos cadeiras onde se liam testemunhos de colegas em situações semelhantes, com vínculos precários, alguns há vários anos, a assegurar necessidades permanentes daquela escola.
Há cinco anos professor na Escola Artística António Arroio, João Rapaz foi um dos docentes que se juntaram para pedir a sua integração nos quadros.
“A intenção é regularizar esta situação, que já vem muito de trás, e não de uma forma pontual que solucione só a situação destes professores, mas daqui para a frente”, explicou o professor de Realização Plástica do Espetáculo.
“A nossa presença nesta escola é uma presença continuamente necessária. Não é pontual e não faz sentido que a contratação seja pontual”, acrescentou.
Entre a António Arroio e a Escola Artística Soares dos Reis, no Porto, onde decorria ao mesmo tempo um protesto semelhante, há cerca de 50 professores nesta situação, segundo a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), que apoiou as iniciativas.
Em declarações aos jornalistas, o secretário-geral da Fenprof explicou que o objetivo daqueles docentes é a realização de um concurso extraordinário de vinculação, nas áreas das Artes Visuais e dos Audiovisuais.
“O que pretendemos é que trabalhadores, neste caso docentes, que reúnem as condições para poderem vincular não continuem precários, porque eles satisfazem necessidades permanentes das escolas e, como tal, têm de ter essa estabilidade”, disse Mário Nogueira.
Segundo o dirigente sindical, a Fenprof já colocou esta questão ao Ministério da Educação em diversas ocasiões e mais recentemente na última reunião com a tutela, há duas semanas.
“O Ministério da Educação limitou-se a dizer que este não era assunto que estava previsto na ordem de trabalhos e, portanto, não quis falar sobre ele. Então que se marque uma reunião em que este seja o assunto da ordem de trabalhos”, afirmou, acrescentando que a resposta deve ser urgente.
“A solução tem de ser este ano, porque este é o ano de resolver problemas de precariedade de milhares de professores e não faz sentido deixar de fora esta meia centena das duas escolas”, disse, referindo o concurso nacional geral de que os profissionais das Artes Visuais e dos Audiovisuais estão excluídos.
Cláudia Realista também dá aulas na António Arroio, onde foi em tempos aluna, e está perto de cumprir os três contratos seguidos em horário completo necessários para a vinculação.
“Temos aqui muitos colegas que estão numa situação em que estão há dez ou 12 anos para ser vinculados”, contou à Lusa, explicando que é também em solidariedade para com esses professores que se juntou hoje ao protesto.
Para a professora de especialização em Têxteis, pôr um fim à precariedade destes docentes seria também um sinal de reconhecimento por parte do Governo da importância da cultura e do ensino artístico.
“A arte é vida. É importante que o Governo seja solidário e perceba também quão importante é o nosso papel na formação dos jovens e na vida de pessoas importantes na sociedade, como os professores e os artistas”, disse.