Dando seguimento à estratégia que tem adoptado desde o chumbo do Orçamento do Estado em Outubro, Catarina Martins atira para o PS e para António Costa a responsabilidade pela actual crise política e pela convocação das eleições legislativas antecipadas.
Numa mensagem vídeo gravada ao ar livre e divulgada esta terça-feira, a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) acusa o governo do PS de ter rejeitado "um acordo com a esquerda na saúde e nas regras laborais" e de ter preferido assim "provocar eleições em janeiro".
E para Catarina Martins houve nisto um objectivo claro da parte do líder socialista António Costa:"quer a maioria absoluta". E assim, a coordenadora bloquista conclui que "só rejeitando a maioria absoluta" serão encontradas "soluções para o Serviço Nacional de saúde e para o salário ou um esforço verdadeiro para derrotar a corrupção".
Não definindo qualquer objetivo eleitoral nesta mensagem de Ano Novo, nem fazendo um apelo directo ao voto no partido que lidera, Catarina Martins garante que será "sempre com a força que o povo" confiar ao BE que em 2022 "lutará por essas soluções".
"Soluções" bloquistas que passam também pelo combate à corrupção, com Catarina Martins a centrar boa parte dos dois minutos da mensagem neste tema. 2021 tratou-se de "mais um ano difícil marcado pela pandemia, mas não só", conclui a bloquista, que logo passa para os casos da detenção do ex-banqueiro João Rendeiro e do ex-ministro Manuel Pinho para dizer ao que vem.
Tudo isso e também a "investigação sobre clubes de futebol, revelam de novo um mundo das fraudes milionárias, dos dinheiros escondidos em 'off shores', das conivências", conclui Catarina Martins.
A bloquista acrescenta que é preciso "quebrar bloqueios na falta de meios das autoridades judiciárias, nos processos que demoram dez anos a chegar a julgamento" e insiste no "fim dos 'off shores', controlo de capitais, criminalização do enriquecimento ilícito" e também no "fim dos vistos gold".
Tratam-se de "armas da democracia contra a corrupção", conclui Catarina Martins, pedindo que não se perca "mais tempo" com uma "ameaça contra toda a gente porque rouba recursos, vicia os governos, empobrece Portugal".
Tratam-se de escolhas, no fundo, com a bloquista a avisar que o país precisa "destes recursos para o que importa na vida das pessoas, para responder pelo salário, pelo clima, pela saúde".
E a partir daqui a líder do BE passa para "o sucesso da vacinação", reconhecendo que "reduziu o impacto da pandemia a cerca de um terço face ao ano passado, mas ainda faz vítimas".
Um alívio face a janeiro, sim, mas Catarina Martins a ressalvar que "apesar deste alívio os profissionais de saúde estão exaustos, continuam sobrecarregados", deixando o apelo à vacinação:" Peço-lhe, por isso, que se vacine, vacine os seus filhos".
É aos profissionais de saúde que a bloquista deixa ainda uma palavra: a de se cumprir o que diz ser uma "responsabilidade maior", que é "assegurar ao SNS os profissionais de que precisa, criar as carreiras na saúde, investir nos hospitais e centros de saúde", rematando com um "não recuamos".