A batalha por Alepo, uma das mais importantes de toda a guerra civil da Síria, chegou definitivamente ao fim, com um acordo de cessar-fogo que permite aos opositores armados que restam sair, juntamente com as suas famílias, para território nas mãos de rebeldes fora da cidade. Essa evacuação deve acontecer nas próximas horas, segundo um oficial russo.
De acordo com um porta-voz rebelde, citado pela Reuters, o acordo foi alcançado em negociações entre a oposição e a Rússia. A Turquia, que tem apoiado a oposição síria, também terá estado envolvida nas negociações e muitos dos militantes que agora abandonam Alepo deverão ser integrados em grupos armados directamente dependentes de Ancara.
A Cruz Vermelha já se mostrou disponível para colaborar nas operações de evacuação e de assistência a civil. "Se nós descobrirmos que os princípios humanitários básicos estão garantidos, no sentido de haver garantias de segurança para a evacuação de civis e que aqueles que continuam naquelas zonas estão seguros, e se todos estiverem de acordo, estamos dispostos a agir como intermediários nesta evacuação e na assistência aos civis que precisem. Esta noite estamos a preparar planos de contingência para podermos agir com rapidez", disse a porta-voz Krista Armstrong à Renascença.
Não há números certos, mas serão cerca de cinco mil, entre militantes e suas famílias, que abandonarão Alepo, ao abrigo do acordo alcançado esta terça-feira. As negociações já tinham permitido pôr fim aos bombardeamentos aéreos esta madrugada, embora os combates terrestres tenham continuado.
“Ontem à noite houve negociações com a Rússia, a primeira coisa que foi acordada foi o fim dos bombardeamentos hoje, e eles pararam esta manhã, mas os conflitos continuaram. Actualmente está a ser discutido um cessar-fogo, que deve ser acordado esta noite”, afirmou um representante dos rebeldes à Reuters.
O acordo prevê apenas a retirada de combatentes e familiares, contudo. O regime sírio diz que os civis que estavam em território rebelde, grande parte do qual já foi reconquistado pelas forças leais a Damasco, têm liberdade para permanecer na cidade, mas muitos, sobretudo aqueles que publicamente apoiaram a revolta, temem actos de vingança por parte dos militares sírios ou das milícias aliadas, incluindo o Hezbollah e grupos xiitas do Irão, do Iraque e até do Afeganistão.
Nas últimas horas, segundo relatos de funcionários da ONU citados pela Reuters, terão sido fuzilados sumariamente cerca de 82 civis, incluindo algumas mulheres e crianças, por parte das forças do regime. São dados, contudo, que carecem de confirmação oficial.