O diretor da Polícia Judiciária, Luís Neves, admitiu esta terça-feira que a investigação ao caso do furto de Tancos, em 2017, deverá estar praticamente concluída em “junho ou julho” deste ano.
Numa audição, hoje à tarde, na comissão parlamentar de inquérito ao furto de material militar em Tancos, Luís Neves disse que “em junho ou julho” espera ter “a investigação numa fase praticamente final”.
A 5 de fevereiro, o Ministério Público (MP) pediu ao tribunal que seja declarada a especial complexidade ao processo do furto das armas de Tancos, o que permitirá dilatar até ao final de setembro o prazo para a conclusão do inquérito.
Num despacho a que agência Lusa teve acesso, o MP alega que investiga criminalidade altamente organizada e que as diligências que considera imprescindíveis são impossíveis de realizar até dia 28 de março, prazo inicial para a conclusão do inquérito.
Hoje, na comissão de inquérito, o diretor da PJ afirmou que “era impossível nesta investigação, face ao número de arguidos, face ao número de material para analisar, face a tudo o que sucedeu, conduzir esta investigação apenas em seis meses”.
O processo de Tancos, que resulta da apensação do processo do furto das armas e do aparecimento das mesmas meses depois na Chamusca, conta com 20 arguidos, dos quais nove estão em prisão preventiva e um em prisão domiciliária.
Os crimes indiciados são terrorismo internacional, associação criminosa, tráfico de droga, furto, detenção e tráfico de armas, tráfico de influência, e denegação de justiça e prevaricação, falsificação de documento e abuso de poder.
Atualmente, o inquérito, segundo o documento, é composto por 37 volumes e mais 50 apensos.
O caso do furto de armas, ocorrido em 2017, ganhou importantes desenvolvimentos em 2018, tendo sido detidos militares da PJM e da GNR, suspeitos de terem forjado a recuperação do material em conivência com o presumível autor do roubo, um ex-militar de nome Paulino.
O furto de material de guerra foi detetado pelo exército em 28 de junho de 2017 e o reaparecimento das armas, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, foi revelado quatro meses depois (18 de outubro) pela PJM, em colaboração de elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.
Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.