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A caravana do PAN acelera nesta reta final e, ao penúltimo dia de campanha, o foco parece ter sido recuperar o deputado perdido em Setúbal em 2022 e conquistar o voto dos antigos combatentes.
Com a manhã passada na cidade sadina, Inês Sousa Real começou por participar num mural de protesto contra o transporte marítimo de animais vivos. E perante a decisão de escolher entre a mão esquerda ou direita para usar a lata de tinta, a porta-voz do PAN brincou com os acordos depois das eleições: “Nós vamos lá, com a esquerda ou a direita, o PAN vai pela frente e segue o seu caminho”.
Entendimento à esquerda ou à direita, o importante para domingo é conseguir um grupo parlamentar e recuperar o deputado perdido no distrito em 2022. Por isso, e sempre acompanhada da cabeça-de-lista por Setúbal, Alexandra Moreira, a líder do partido percorreu os corredores do Mercado do Livramento, colocando-se ao lado da população quanto às queixas sobre a inflação.
Entre as bancas, havia quem “gostasse muito de a ouvir”, outros que lhe reconheciam apenas a cara e ainda quem não tivesse decidido o voto. Mas quem captou a atenção da comitiva do PAN foi Fernando Meira, antigo combatente que se queixa de falta de apoios para quem foi soldado na Guerra Colonial.
“Eu fui paraquedista, estive na Guiné há 50 anos e foi lá que perdi a minha saúde. O cartão é uma esmola, que me estão a andar. Eu já perguntei ao ministro da Administração Interna se ele precisava que eu lhe fizesse um desenho e ele ficou a ilhar para mim sem responder. Eles esquecem-se de nós e isso não se admite ”, explicou.
O tema acabou por dominar o trajeto diário na caravana do PAN, uma vez que da parte da tarde já estava agendada uma reunião na Associação dos Deficientes das Forças Armadas. Inês Sousa Real prometeu trazer a revisão do Estatuto de Antigo Combatente para cima da mesa na próxima legislatura – e disse querer aumentar o indexante de apoios sociais (IAS), valor do qual também estão dependentes todas as ajudas para os soldados que serviram na Guerra Colonial.
“Estas pessoas serviram o país e têm uma dívida a seu favor por parte do Estado. É fundamental que se revejam os apoios sociais: a nível de psicólogos, da fisioterapia, no acesso à medicação, no próprio acesso à saúde e também a acessibilidade. E também não nos podemos esquecer que, estando estas pensões e estes apoios associados ao indexante, é fundamental garantir que o IAS é superior ao limiar da pobreza”, defendeu.
E se de manhã, a porta-voz do PAN aproveitou a véspera do Dia Internacional da Mulher para reafirmar a vontade de incluir a igualdade de género numa próxima revisão constitucional, da parte da tarde Sousa Real não esqueceu as mulheres dos antigos combatentes. A porta-voz do partido relembrou que são “cuidadoras informais que têm direito a um valor condigno e que não podem ficar para trás, porque cuidaram de um terceiro que se dedicou à pátria”.
Questionada pela Renascença sobre uma mensagem para os indecisos, Inês Sousa Real diz que sente nas ruas que "muita gente" ainda não decidiu o voto, até porque "há muita insatisfação nas pessoas quanto às condições de vida". A líder do partido sublinhou que "o PAN não falhou aos portugueses".
"Nós fomos o partido que mais trabalhou na Assembleia da República. Por isso, eu faço o apelo [ao voto no PAN] às pessoas e ativistas que se identificam com as causas que nós representamos, quer do ponto de vista social e humanitário, quer do ponto de vista da proteção animal e ambiental. Somos a única força política que, durante todo o ano, fala nestas questões", rematou.
Na reta final da campanha, a caravana do PAN fica pela cidade de Lisboa, num aparente esforço de conseguir eleger um segundo deputado na capital. Esta sexta-feira, Sousa Real e a comitiva dedicam-se em força à causa feminista – de manhã, numa manifestação de enfermeiras e, à tarde, numa marcha do Dia Internacional da Mulher.