Todos os dias mais de cinco profissionais de saúde são alvos de atos de violência e ameaças por parte dos utentes.
Segundo o “Jornal de Notícias”, até março foram sinalizadas cerca de 500 agressões nos serviços de saúde públicos e privados.
Quase 50 dos episódios incluíram violência física, mas a maioria está relacionada com agressões psicológicas.
Os casos foram reportados na "Notifica", a plataforma da Direção-Geral da Saúde (DGS) para o reporte voluntário de atos violentos e ameaças "no SNS, mas também fora dele". A notificação online no site da DGS pode ser feita pela vítima ou terceiros - como os familiares dos profissionais.
Em relação aos “aos casos de violência verbal, muitas das situações são de violência não presencial, através das redes sociais, correio eletrónico ou o telefone”. Uma análise preliminar revelou que “esta problemática afeta tantos os cuidados de saúde primários como hospitalares”, escreve o jornal.
Com o Serviço Nacional de Saúde sob pressão devido à pandemia, as associações profissionais do setor alertam para um aumento da violência causado pela frustração dos utentes pelos atrasos na resposta.
“Estes dados são pré-covid, quando se dizia que parte da frustração dos utentes antes de chegar aos médicos ficava pelo caminho: pelos enfermeiros e administrativos”, explicou ao jornal António Manuel Marques, diretor da Escola Superior de Saúde de Setúbal, que alerta para “os atuais efeitos do medo, do cansaço e da pressão da espera nos utentes”.
O especialista em Ciências da Saúde admite que é difícil que este tempo de enorme incerteza “não traga uma ampliação da violência”.