A AD (Aliança Democrática) diz que quer pôr a economia a crescer até 3,4%, em 2028, e anuncia um choque fiscal de 5.000 milhões de euros. Mas, será possível?
Para o comentador da Renascença João Duque, “essa questão ainda está para esclarecer, porque não foi tudo apresentado”.
“Foi apresentado o quadro macroeconómico, de facto, mas falta-nos aqui uma peça importante que é a forma como eles vão compor um orçamento que, aparentemente, devolve bastante dinheiro aos contribuintes”, diz João Duque que se mostra surpreendido pelos valores: 1.500 milhões para o IRC e 3. 000 milhões para o IRS.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Duque ressalva, no entanto, que “são valores que fazem sentido e batem certo com aquilo que são as medidas anunciadas”.
“Falam em mais de 5.000 milhões e isso significa, a meu ver, uma redução de capacidade de intervenção do Estado na economia de forma imediata e direta”, adverte o economista, explicando que “alguma desta redução de impostos acaba por voltar a entrar por outra via, não é por via do orçamento, mas por via do consumo”.
No entanto, o comentador não percebe como havendo uma redução do impacto do peso do Estado na economia, se compatibilizam isso com um crescimento do consumo público, tal como está previsto no quadro macroeconómico.
Na visão de João Duque, terá que haver mais esclarecimentos por parte da AD, referindo-se também às questões inspiracionais do programa que apontam para que as exportações cresçam bastante mais que as importações.
E o atual cenário poderá potenciar o aumento de exportações?
O economista e professor do Instituto Superior de Economia e Gestão acredita que sim, mas, para tal, é necessário que “as empresas tenham sucesso e que isso seja consolidado com base numa grande vontade e um grande espírito empresarial”.
“Uma das aspirações que tem AD é alentar, dar alento a todos os investidores para reorientarem um bocadinho a sua atividade e tornarem-se mais ansiosos e procurem e efetivem essas intenções de investimento”, conclui.