Bernardo Gomes, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e membro do grupo das "linhas vermelhas" Covid, entende que a alteração da norma relativa aos contactos de risco foi forçada pelo avolumar de casos associados à variante Ómicron.
Entre as novas orientações que têm por base uma nova norma da Direção Geral da Saúde, está por exemplo a norma que acaba com isolamento para contactos com caso positivo no trabalho. Acaba também o isolamento de uma turma inteira quando registado um caso positivo de Covid.
O especialista reconhece que a pressão social pode ter obrigado a acabar com o isolamento de turmas quando há um caso positivo e sugere uma melhor "gestão individual de risco".
"Não há alternativa porque, na verdade, com um volume de casos tão grande, gerado por uma variante tão transmissivel e com uma menor severidade teria que haver uma alteração de haver menor numero de isolamentos e, dentro de possivel, também o encurtamento", diz Bernardo Gomes à Renascença.
"Temos que recorrer àquilo que é a gestão indicidual de risco. Julgo que para termos uma gestão sustentável teremos que continuar a ter cautelas em espaços fechados, nomeadamente com aquestão do uso de máscaras. De forma sintética, não julgo que houvesse grande alternativa social", defende o médico de Saúde Pública.
Bernardo Gomes diz que "o uso dos testes rápidos, que já está generalizado, pode ser uma boa forma de minimizar riscos" e insiste na necessidade de se "melhorar a ventilação das salas de aula".
"Da parte dos docentes, há necessidade de usarem P2 e não usarem mascaras quaisquer dentro da sala de aula. E há a necessidade de, dentro das possibilidades existentes, melhorar a ventilação das salas de aula que é uma forma de garantir que a qualidade do ar interior ser melhor e isso pode também melhorar as condições cognitivas dos alunos, mas, sobretudo, também reduzir o risco de transmissibilidade de particulas."
Por sua vez o imunologista Miguel Prudêncio refere que a alteração das regras de isolamento também está relacionada com a elevada taxa de vacinação em Portugal e com o facto de termos uma variante predominante que não causa doença tão grave.
"Para a faixa etária entre os 12 e os 19 anos, a informação que tenho é de que a taxa de vacinação já ronda os 92 por cento e eu julgo que isso também contribui para que neste momento possa ter sido anunciada a alteração às regras de isolamento e de encerramento de turmas no caso de uma criança testar positiva. O processo de vacinação de reforço dos professores e o processo de vacinação de crianças por outro tem contribuido para que isto seja possível", considera o professor do Instituto de Medicina Molecular.
Miguel Prudêncio destaca também que "a presença de uma variante que causa doença menos grave" também explica "que se possa começar a avançar no sentido de alterar determinado tipo de restrições, necessárias, num determinado momento, e agora já não tão fundamentais".
O imunologista entende como um incentivo à dose de reforço o facto de o certificado de vacina passar a ser suficiente para acesso a hotéis e restaurantes. Ainda assim, lembra que o principal incentivo à vacinação radica na proteção que ela provoca.