O Desportivo das Aves vai faltar ao jogo com o Benfica, da 33.ª jornada da I Liga de futebol, uma vez que a apólice de seguro de acidentes de trabalho foi anulada, confirmou este domingo a SAD.
A SAD avense não conseguiu reunir as verbas para pagar a apólice de seguros de acidentes de trabalho, requisito obrigatório para o plantel poder treinar e ir a jogo.
“No dia 17 de julho, fomos notificados no sentido de nos informarem que a apólice [de seguro] estaria anulada. Sabemos que o regulamento das competições não permite efetuar sequer o treino ou jogo sem seguros. Sem os jogadores devidamente segurados para um possível acidente de trabalho, não é possível. Após uma reunião de urgência da administração [da SAD], não conseguimos reunir uma verba para pagar os seguros e, portanto, obviamente, não iremos comparecer aos seguintes jogos”, explicou Estrela Costa, em declarações à Sport TV.
A administradora da SAD avense defendeu que “ninguém no seu perfeito juízo metia ninguém a treinar sem seguro".
“Houve um período de carência, mas nós continuámos a ter muitas despesas. Nós até tínhamos jogos em casa contra o FC Porto e o Benfica nesta fase, mas não tivemos essas receitas que tanto nos ajudariam. Temos um problema de tesouraria […]. A lei, o regulamento das competições, é clara. Não podemos treinar ou jogar sem ter uma apólice de seguros em dia”, reforçou.
Estrela Costa destacou ainda que a Liga Portuguesa de Futebol Profissional foi “incansável” para ajudar o clube a ultrapassar “esta questão”, mas concedeu que “não seria justo para os restantes clubes que pagam que os seguros façam a reativação da apólice sem pagamento”.
Questionada sobre se a falta de verbas para o reativação do seguro implicaria a ausência no jogo com o Benfica, a acionista da Galaxy Believers, que gere o futebol avense, confirmou que sim, contrapondo que esse cenário só não acontecerá se a SAD entretanto conseguir verbas.
Antes, a SAD do Desportivo das Aves já tinha cancelado o treino dos futebolistas do lanterna-vermelha da I Liga, que estava agendado para as 17:30, dois dias antes da receção ao Benfica, em encontro da 33.ª jornada.
Fonte da administração nortenha assegurou que também tinha suspendido a execução dos testes de despistagem à covid-19 a jogadores, treinadores e outros funcionários do clube, obrigatórios nas 48 horas anteriores à partida com as ‘águias’, consoante o protocolo definido para o reinício do campeonato em plena pandemia.
As duas situações comprometem a realização do jogo de encerramento da penúltima ronda da I Liga, na terça-feira, às 21:15, no Estádio do CD Aves, numa altura em que a formação orientada por Nuno Manta Santos ainda não sabe se voltará a trabalhar na segunda-feira, quando vence o terceiro mês seguido de salários em atraso.
Os avenses já tinham ameaçado na sexta-feira faltar ao jogo no estádio do Portimonense, da 34.ª e última jornada da I Liga, marcado para 26 de julho, de forma a “salvaguardar a transparência na luta pela permanência”, uma vez que receiam “não reunir jogadores suficientes e que garantam uma equipa competitiva” contra os algarvios.
O lanterna-vermelha deveria enfrentar o Portimonense, 16.º colocado e primeiro clube acima da zona de despromoção, com os mesmos 30 pontos de Vitória de Setúbal, 17.º e penúltimo, e Tondela, 15.º, envolvidos numa fuga à descida, que ainda engloba o Belenenses SAD (14.º, com 32 pontos) e o Paços de Ferreira (13.º, com 35).
Liga de clubes “em campo” para Desportivo das Aves jogar
A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) está a fazer “tudo” para que o Desportivo das Aves realize os últimos dois jogos da I Liga, frente a Benfica e Portimonense, disse hoje à Lusa a diretora-executiva do organismo.
“Neste momento, o nosso objetivo é que se mantenha a integridade da competição e que o Desportivo das Aves vá a jogo. Tudo estamos a fazer nesse sentido, temos a informação que é essa a vontade dos vários intervenientes”, afirmou Sónia Carneiro, em declarações à agência Lusa.
A SAD do emblema do concelho de Santo Tirso confirmou hoje à Lusa a ausência do embate com o Benfica, na terça-feira, uma vez que a apólice de seguro de acidentes de trabalho foi anulada, depois de já ter anunciado a falta de comparência na visita ao Portimonense, da 34.º e última jornada.
“Relativamente ao seguros, temos já a informação da SABSEG [seguradora responsável pelas apólices do clube] que o problema pode ser resolvido de forma eficiente. Portanto, só demonstra que o Desportivo das Aves está a tentar criar condições para poder ir a jogo”, referiu Sónia Carneiro.
A dirigente realçou o “sinal muito positivo” com a necessária testagem dos jogadores ao novo coronavírus.
“A LPFP está atenta e está a tentar junto das várias entidades a ajudar o Desportivo das Aves para que possa ultrapassar as suas dificuldades e possa cumprir o seu calendário. Esse é o nosso objetivo. Hoje, tivemos um sinal muito positivo, que foi o facto de os jogadores terem feito teste covid-19, para que possam entrar em campo na terça-feira”, frisou, salientando que este procedimento “significa que há, claramente, a intenção de cumprir o calendário”.
Questionada sobre a possível ausência do Desportivo das Aves dos encontros, Sónia Carneiro salientou tratar-se de uma questão disciplinar: “O enquadramento, depois, se houver falta de comparência ou abandono, nunca será feito pela LPFP, mas sim pelas instâncias disciplinares”.
“Será feito no âmbito de um processo disciplinar, nunca será a LPFP a fazer esse enquadramento […]. Neste momento, nem sequer estamos a cogitar esta situação. Desde sexta-feira estamos em campo, já reunimos com o clube e com a SAD e estabelecemos contacto com todos os intervenientes para que o Desportivo das Aves possa cumprir o seu calendário e fazer os dois jogos que lhe restam para acabar a época desportiva”, reiterou.
Sónia Carneiro identificou o prolongamento da temporada, devido à suspensão da competição provocada pela pandemia de covid-19, como um obstáculo acrescido, realçando a vontade dos intervenientes em disputar os últimos dois encontros da formação já despromovida à II Liga.
“Foi uma época absolutamente atípica, estamos com 14 meses de época desportiva, tem sido muito, muito difícil, tem havido um esforço imenso de todos os intervenientes e, portanto, acredito que a vontade dos dirigentes, quer da SAD quer do clube, dos jogadores e do treinador é que possam cumprir os dois últimos jogos e a falta de comparência nem seja equacionada”, rematou.