O Presidente turco, Tayyip Erdogan, afirmou este domingo que não pode atrasar a aplicação da pena capital para punir os revoltosos que na sexta-feira à noite tentaram realizar um golpe de estado no país. Falando para uma multidão que se concentrou junto à casa do governante, Erdogan disse ainda que vai discutir com os partidos da oposição a re-introdução da pena de morte.
"Não podemos ignorar esta exigência", disse Erdogan perante os gritos da multidão que pedia o regresso da pena de morte.
A Turquia aboliu a pena capital em 2004 para ir ao encontro aos critérios da União Europeia, a pensar numa eventual futura adesão.
Erdogan apelou também aos populares para que se mantenham até sexta-feira nas ruas e praças públicas em protesto contra o golpe de estado, admitindo que a ameaça contra si ainda não está totalmente eliminada.
Golpe de estado faz 290 mortos
A diplomacia turca actualizou, entretanto, o número de vítimas na sequência da tentativa de golpe de estado. Pelo menos 290 pessoas morreram, na passada sexta-feira, na Turquia, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros turco.
"Mais de 100 conspiradores golpistas morreram. As operações continuam. Infelizmente, mais de 190 dos nossos cidadãos encontraram a morte", lê-se na nota, enviada aos jornalistas estrangeiros acreditados na Turquia.
O comunicado refere ainda que há mais de 1.400 feridos e que mais de 6.000 pessoas foram detidas "até agora, em operações contra o grupo terrorista", em referência aos autores do golpe.
"A tentativa de golpe foi realizada, obviamente, pela Organização Terrorista Fethullah Gülen" (FETO), assegura a nota, utilizando a designação com que o Ministério Público se refere, desde o ano passado, à rede de seguidores do imã islamita Fethullah Gülen, exilado nos Estados Unidos.
Gülen, antigo aliado do Governo turco, transformado entretanto em adversário, negou qualquer implicação nos acontecimentos. Não se conhecem discursos nem actos violentos aos seguidores de Gülen.
"O golpe falhado é o mais recente ato criminoso que revela o perigo que representa a FETO", considera o comunicado dos Negócios Estrangeiros, que destaca o papel dos cidadãos, mas também o "papel chave" dos meios de comunicação para o fracasso do golpe.