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O presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) considera que falta “respeito” no futebol português e defende mão pesada para a violência e para agentes que critiquem a arbitragem. Luciano Gonçalves falava esta segunda-feira na I Conferência Bola Branca, no auditório da Renascença, em Lisboa.
“Nós não temos respeito por nós próprios. Nós não estamos a ter respeito pelas pessoas que consomem esta paixão que é o futebol. Isto está a ultrapassar o futebol, o desporto, é um problema da sociedade e o futebol, movimentando tantas massas, temos de fazer aquilo que o João disse: já sabemos o que está mal no futebol português, mas falta-nos agir e nós não estamos a saber agir”, sublinha Luciano Gonçalves.
O presidente da APAF lamenta o "clima de suspeição", que envolve árbitros, jogadores e treinadores.
Conta que ainda no último fim de semana um pai agrediu um árbitro durante um jogo das camadas jovens. Foi o 38.º caso desde o início do ano e “alguma coisa tem que mudar para que isto não possa acontecer”, apela.
Luciano Gonçalves pede, por isso, castigos mais pesados para quem critica a arbitragem, como jogos à porta fechada ou perda de pontos: "tudo o que seja feito para penalizar o que destrói o nosso futebol é positivo".
Tem que se ter coragem para a nível desportivo aumentarmos as coimas, de forma exemplar, temos que ser céleres nas decisões. Não pode acontecer nós estarmos a decidir ainda situações com seis meses e a nível civil termos casos com dois anos. E se tivermos de proibir um pai de ir ver um jogo do seu filho, se calhar até estamos a fazer um favor àquele pai e àquele filho enquanto não houver uma mudança de comportamento. Tanto a nível desportivo como civil temos que ter uma mão pesada”, defende o presidente da APAF.
Já o árbitro internacional João Capela considera que o que falta ao futebol português é agir para resolver os problemas que já estão identificados e "serenidade e tranquilidade" na arbitragem.
O antigo árbitro Duarte Gomes mostra-se pessimista em relação ao futuro: “este ruído continua. Esta vontade de mostrar que a arbitragem é o parente pobre do futebol existe desde sempre. Eu não sou hipócrita: eu acho que isto tem poucas condições para melhorar a curto prazo”.