Covid-19. Nova variante dos EUA "não compromete resposta imunitária"
13-01-2023 - 22:50
 • João Malheiro

O imunologista realça que os dados que chegam da nova onda na China "ficam aquém do que é desejável" e que há mesmo uma "escassez de informação" relativamente à evolução genética da doença.

O imunologista do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa, Miguel Prudêncio, diz que a nova sublinhagem XBB.1.5 "é mais transmissível", mas "não compromete resposta imunitária".

A subvariante da Ómicron poderá ser a dominante na Europa nos próximos dois meses, provocando um "aumento substancial" de casos de Covid-19, estimou o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), esta sexta-feira.

A maior proporção de XBB.1.5 foi notificada nos EUA, onde se estima que represente atualmente cerca de 28% das infeções no país, atingindo até 73% dos casos detetados nos estados do Nordeste.

À Renascença, Miguel Prudêncio indica que "ainda há muito que temos de saber" sobre a variante, contudo aparenta, por agora, "não causar mais casos de doença grave".

Já sobre a onda de casos da variante Ómicron da Covid-19 na China, o imunologista diz que não é motivo de alarme para Portugal, mas aponta que a possiblidade de poder "propiciar o aparecimento de novas variantes preocupantes" é real.

O especialista defende que "não devemos tomar como uma ameaça muito séria o que está a acontecer, porque falamos de populações com situações imunitárias diferentes". A grande dúvida, refere, é mesmo se o aumento de casos não pode trazer consigo variantes imprevisíveis.

"As variantes e as subvariantes de um vírus surgem num processo normal de multiplicação das partículas virais. Naturalmente, havendo grande quantidade de pessoas infetadas, a possibilidade de aparecerem variantes, aumenta.

Miguel Prudêncio realça que é importante que haja uma transmissão transparente de informação relativo às variantes em circulação, por parte das autoridades de saúde chinesas.

No entanto, os dados que chegam da China "ficam aquém do que é desejável" e que há mesmo uma "escassez de informação".

"Não é partilhado com a rapidez e com a extensão que seria ideal", considera.

Há cada vez mais países a reforçar o controlo e despistagem da Covid-19 entre os passageiros. Portugal, desde as 00h00 de sábado, passou a realizar testes aleatórios à Covid-19 a viajantes provenientes da China.

No domingo, passou a exigir teste realizado até 48 horas antes do embarque.

Para Miguel Prudêncio, o fundamental neste tipo de controlo não é evitar o aumento do número de casos da Covid-19, mas a identificação de novas variantes indesejáveis.

"Essa medida revela alguma cautela que, talvez, não seria necessária se tivéssemos acesso a toda a informação sobre a composição genética do vírus que circula na China", aponta.