Rui Vitória não se mostrou surpreendido com rumores que ligam Sérgio Conceição e Ruben Amorim ao PSG, que aponta como naturais e reflexos da valorização dos treinadores portugueses.
"O treinador português tem muita qualidade e acho perfeitamente normal, porque cada vez me vou apercebendo da riqueza que nós, enquanto treinadores, podemos aportar aos clubes. Nós temos muito a aportar em vários aspetos no panorama europeu e não me choca nada, antes pelo contrário, acho que é perfeitamente legitimo que isso aconteça", diz o técnico.
Caso os rumores das eventuais saídas não se confirmem, Rui Vitória tem a certeza que o Porto e o Sporting partem em vantagem para a próxima época.
"A estabilidade é fundamental para o sucesso das equipas. Mantendo um lote de jogadores do ano anterior, mantendo o treinador, depois é preciso perceber onde é que se faz os determinados ajustes. Essas duas equipas [Porto e Sporting] irão ser fortes, de certeza. O Benfica, naturalmente, terá que fazer um caminho diferente destes dois clubes", acrescenta.
Sobre a mudança técnica no banco dos encarnados, Rui Vitória - que orientou o Benfica entre 2015 e 2018, antes de ser despedido - preferiu não comentar.
"A discussão [sobre a mudança de treinador] era uma discussão mais alargada sobre muitas coisas. Não vou obviamente estar a comentar aquilo que são as decisões do Benfica", diz.
O Benfica não tem um treinador estrangeiro desde 2009, quando Quique Flores abandonou a equipa encarnada.
Dificuldades das equipas portuguesas na Europa
Olhando para a recente conquista de José Mourinho, que na quarta-feira venceu a Conference League, Rui Vitória elogiou a conquista do treinador.
"O Mourinho foi, desde início, o grande impulsionador daquilo que são as carreiras dos treinadores portugueses em termos internacionais. Ele tem sido inexcedível. Cinco finais que ganhou é digno de realce. Fico contente por ele e pelo Tiago [Pinto], com quem trabalhei e que também merece muito este sucesso, e pelos jogadores portugueses que lá estão. Torci pela Roma por razões obvias e fiquei muito contente pelo sucesso que eles tiveram", confessa.
Face a esta conquista por parte de um treinador português, Rui Vitória apontou às diferenças no orçamento para explicar que, coletivamente, as equipas portuguesas não tenham o mesmo sucesso.
"Estamos a falar de forças desiguais, em termos orçamentais. Por mais que possamos dizer que os orçamentos não ganham jogos, a realidade é que a maioria das equipas mais apetrechadas financeiramente estão sempre nestes momentos. Nós vamos fazendo um trabalho fantástico de reduzir as distancias com outras armas", adita.
Além da desvantagem financeira, Rui Vitória também olha para os estádios vazios, panorama que não se repete no resto da Europa, e que pode ser outra razão do insucesso além-fronteira.
"Obviamente que é muito difícil chegar a grandes momentos da Europa com o panorama que temos em Portugal. Basta olhar para os estádios [noutros países] e ver a lotação que têm e depois olhamos para a nossa liga em que para por duas ou três mil pessoas é uma dificuldade, estamos a falar de uma diferença grande e por isso é muito difícil", acredita.
Rui Vitória não esclarece futuro
Atualmente sem clube, Rui Vitória admitiu ter várias opções, mas não se inclina para o Valência, onde tem sido apontado nos últimos dias.
"Felizmente, em termos de opções e de possibilidades têm aparecido. Essa [do Valência] não, mas várias soluções que não quero estar aqui a especificar", confidenciou o técnico que em dezembro abandonou o Spartak de Moscovo.