Amanhã, 30, começa no Dubai, Emiratos Árabes Unidos, a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), prolongando-se até 12 de dezembro. A maioria das anteriores conferências deixaram um rasto de frustração, dada a incapacidade para tomar medidas drásticas.
Que já se registam sinais óbvios, e por vezes trágicos, de que o aquecimento global alterou o clima em todo o mundo parece não ter discussão. Mas ainda há quem negue essa evidência. Por exemplo, o novo presidente da Argentina, Milei, considera que o alarme face à emissão de CO2 é uma “mentira dos socialistas”.
Há, porém, uma maior consciência, sobretudo da parte das gerações jovens, de que urge combater mais decisivamente o aquecimento global do planeta, antes que o clima se torne ainda mais violento. Mas hoje alguns políticos adiam esse combate, cujos frutos virão depois de eles terem saído do poder.
No entanto, deve evitar-se um pessimismo suscetível de paralisar os esforços que, apesar de tudo, estão em curso e importa dinamizar. O semanário britânico The Economist refere no seu último número alguns factos encorajadores, apesar das frustrações.
Por exemplo, em 2015 previa-se um aquecimento global de 3 graus centígrados até 2100; ora, se as políticas atuais forem seguidas, já se admite agora que esse aquecimento fique pelos 2,5-2,9 graus ainda neste século. Há oito anos a Agência Internacional de Energia estimava que as emissões de CO2 continuariam a subir até 2040; hoje a mesma Agência considera provável que essas emissões continuem a subir nos anos imediatos, mas depois, ainda antes de 2040, comecem a baixar. Em 2022 as energias renováveis (hídrica, solar, eólica) produziram cerca de quatro vezes mais energia elétrica do que em 2015. Etc.
A COP28, na qual participará o Papa Francisco, um bem conhecido defensor de um ambiente menos poluído, terá de afastar o ceticismo herdado das anteriores edições anuais e de tomar os compromissos indispensáveis de modo a que o aquecimento global não suba a níveis incomportáveis para a vida humana.
A COP28 terá, ainda, que levar os países ricos e desenvolvidos, que durante séculos poluíram à vontade, a ajudarem financeiramente os países pobres a, também eles, combaterem o aquecimento global. É uma questão de justiça.