A França e o Reino Unido vão propor ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a criação de uma zona de segurança no aeroporto de Cabul, sob controle da ONU, para que possam manter-se operações de retirada de pessoas.
Esta intenção foi feita pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, numa entrevista publicada pelo “Le Journal du Dimanche”.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas reúne-se na segunda-feira de emergência, na sequência de uma convocatória do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
A criação dessa zona de segurança é “muito importante” e “forneceria um quadro para as Nações Unidas agirem com urgência”, explicou Macron, citado pela AFP.
O objetivo é criar condições para poder dar continuidade às operações humanitárias, através do aeroporto civil de Cabul, sendo que as operações que a forças internacionais concluíram ou estão a concluir têm sido realizadas através do aeroporto militar.
“Ainda temos nas nossas listas milhares de afegãos que queremos proteger, que estão em perigo por causa dos seus compromissos”, referiu o presidente francês, apontando, nomeadamente juízes, artistas ou intelectuais.
A publicação observa que Macron está “inquieto” para ver se a Rússia e a China vetam este projeto de resolução e correm o risco de ser cúmplices de execuções que os talibãs possam realizar.
Coordenar para acolher os refugiados
Durante a entrevista, o Presidente francês também falou sobre a questão de alojar refugiados e imigrantes afegãos.
“Aqueles a quem recusamos asilo não poderão regressar ao seu país”, por isso “temos de nos coordenar” para evitar que cidadãos afegãos vagueiem “por toda a Europa à procura de um país que lhes ofereça um melhor acolhimento”, defendeu.
Esta questão, disse, deve ser negociada “sem hipocrisia”.
Neste contexto alerta para as declarações dos Estados Unidos e dos 100 mil afegãos que dizem ter retirado, uma vez que Washington fez acordos com vários países como a Macedónia, Kosovo ou Uganda para abrigar milhares destas pessoas, muitos de forma temporária.
“Sejamos honestos. Todos estes afegãos não irão necessariamente para os Estados Unidos e alguns deles tentarão chegar à União Europeia. Devemos falar claramente sobre isto com os nossos amigos americanos”, sublinha Macron, “para evitar tensões políticas entre os Estados”.
Os líderes ocidentais já assumiram que a retirada de forças dos seus países implicará deixar para trás alguns civis e muitos afegãos que os ajudaram durante os 20 anos de intervenção no Afeganistão e comprometeram-se a falar com os talibãs para que deixem aliados afegãos sair do país após o fim do prazo determinado pelo Presidente norte-americano para a retirada: a próxima terça-feira.
Embora a maior parte dos aliados ocidentais já tenha terminado as suas operações de retirada, os Estados Unidos vão manter continuamente voos de evacuação até ao fim do prazo.