O ministro dos Negócios Estrangeiros da China negou que o país tenha vendido armas à Rússia e defendeu que Pequim fez uma “avaliação independente”, estando empenhado na paz na Ucrânia.
“O que é que a China fez para ser ameaçada ou pressionada em relação a esta crise”, questionou Qin Gang, em conferência de imprensa, à margem da sessão anual da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China, esta terça-feira.
O governante assegurou que a China não está diretamente envolvida no conflito, nem forneceu armas ao país vizinho. “Nós publicamos um documento com propostas para a paz”, lembrou.
Desde o início da guerra na Ucrânia, Pequim tem tentado manter a “amizade sem limites” com Moscovo e proteger as fortes ligações comerciais aos Estados Unidos e países aliados, bem como a sua imagem global.
Pequim recusou condenar a invasão e condenou a imposição de sanções à Rússia, mas defendeu também a importância de respeitar a “integridade territorial de todos os países”, numa referência à Ucrânia.
Em fevereiro passado, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse ter evidências de que a China planeia fornecer armas à Rússia. Pequim negou esta informação.
Qin apontou que há “uma mão invisível que está a causar a crise na Ucrânia”, numa referência implícita aos Estados Unidos. “Há quem se comprometa com a paz e há quem ponha lenha na fogueira. Estamos do lado da negociação e da paz”, sublinhou.
Na proposta de Pequim para a paz, destaca-se a importância de “respeitar a soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia, mas apela-se também para o fim da “mentalidade da Guerra Fria”, termo frequentemente usado por Pequim para criticar a política externa dos Estados Unidos.
“A segurança de uma região não deve ser alcançada através do fortalecimento ou expansão de blocos militares”, lê-se no documento, numa critica implícita ao alargamento da NATO.
No plano pede-se o fim das sanções ocidentais impostas à Rússia, medidas para garantir a segurança das instalações nucleares, o estabelecimento de corredores humanitários para a retirada de civis e ações para garantir a exportação de grãos, depois de interrupções no fornecimento terem causado o aumento dos preços a nível mundial.
A proposta foi criticada pelo Ocidente por colocar “agressor e vítima” no mesmo patamar.