O fogo propagou-se esta terça-feira das zonas altas ao centro do Funchal e há alguns prédios devolutos a arder na cidade.
Em declarações à Renascença pelas 22h30, o presidente da Câmara do Funchal, Paulo Cacôfo, disse que incêndio "numa zona muito comercial" da baixa ainda não está controlado, mas já foi circunscrito.
"O fogo ainda não está controlado. Os principais edifícios já estão a salvo. A Igreja de S. Pedro, que era uma grande preocupação, e o Museu Municipal estão a salvo, mas o fogo ainda se propaga por alguns edifícios", disse o autarca.
"O combate às chamas continua. Nesta fase está circunscrito. Esperemos que não haja mais situações, porque estamos a falar de uma zona histórica, antiga, onde a propagação do fogo é muito fácil”, afirmou Paulo Cafôfo.
O fogo começou pelas 19h00, num palacete devoluto do século XIX, e "facilmente as chamas propagaram-se pelos edifícios vizinhos e ruas anexas. Pelo menos três ruas foram afectadas: A rua das Pretas, de São Pedro e do Surdo", explicou o presidente da Câmara do Funchal.
As chamas consumiram esta noite prédios devolutos no centro do Funchal, tinha referido anteriormente fonte da autarquia.
Segundo fonte da PSP, o fogo chegou à zona da igreja de São Pedro, na baixa
do Funchal, depois de ter consumido um edifício devoluto.
A situação também é complicada na zona da Pena, avança a agência Lusa. Ha casas a arder e três viaturas de uma empresa de construção civil estão a tentar ajudar e a atirar água para as casas.
Algumas pessoas abandonaram as suas casas no centro do Funchal, levando malas e animais.
Os relatos dão conta de um "cenário dantesco" e de uma situação "completamente descontrolada", com muitos focos ativos espalhados pela cidade, entre os quais o Til, Rochinha, Penteada, sendo audível o som de algumas explosões.
O presidente do Governo Regional da Madeira considera que o cenário de incêndios no Funchal é "complicado", devido às "múltiplas e variadas" frentes de fogo, que chegou à baixa da cidade. "A força do vento trouxe de facto uma situação complicada", disse Miguel Albuquerque, que se deslocou à zona histórica de São Pedro.
O
antigo candidato comunista às presidenciais Edgar Silva disse que teve de fugir de casa e que há centenas de pessoas deslocadas para a baía do
Funchal, criticando as autoridades por "mentirem às pessoas".
Fumo dificulta respiração
O aeroporto do Funchal, situado a 20 quilómetros da capital da Madeira, está a funcionar com normalidade e não há qualquer foco de incêndio na sua zona envolvente, disse fonte aeroportuária.
O vento forte e as elevadas temperaturas fizeram com que o fogo que lavra nas zonas altas do concelho desde a tarde de segunda-feira descesse até ao centro da cidade, provocando algum caos e pânico entre a população.
O trânsito está caótico, com muitos congestionamentos na baixa do Funchal, tendo a PSP encerrado as entradas da cidade. A via rápida foi encerrada entre o nó da Cancela, na parte Este da cidade, e Santo António, nos dois sentidos.
Devido ao tempo quente e ao denso fumo, é muito difícil respirar e as pessoas estão a usar máscaras. Têm sido audíveis várias explosões, depois de a situação se ter agravado ao final da tarde.
O Serviço Regional de Protecção Civil já apelou às pessoas que estão no Funchal e "que não se encontram nas zonas afectadas pelos vários focos de incêndio activos que permaneçam nas suas habitações e, especialmente, que não circulem utilizando viaturas".
As zonas da Pena, da Rochinha, da Boa Nova e Til são alguns locais de onde surgem relatos de problemas devido ao fogo.
Centenas de pessoas deixaram as casas
O presidente da Câmara do Funchal disse que a capacidade de realojamento do Regimento de Guarnição N.º3, o quartel do Funchal, onde foram realojadas cerca de três centenas de pessoas, está esgotada.
A autarquia já contactou o presidente do Club Sport Marítimo para avaliar a possibilidade de ser utilizado o Estádio dos Barreiros para deslocar cidadãos afetados pelos incêndios.
Junto ao Centro de Segurança Social no Funchal a Lusa constatou que um grupo de cidadãos conseguiu apagar o foco que surgiu junto de um depósito de gás de um complexo habitacional na rua Elias Garcia.
Muitas pessoas utilizam mangueiras para molhar terrenos, casas, muros e carros.
Centenas de desalojados, muitas dezenas de casas destruídas, aproximadamente 200 pessoas assistidas no hospital do Funchal devido a problemas de inalação de fumo e um ferido grave transferido para Lisboa pela Força Aérea são algumas das consequências do fogo que tem devastado o Funchal e outros concelhos da Madeira.
Os hospitais dos Marmeleiros e João de Almada foram evacuados.
O primeiro-ministro já anunciou que uma equipa de 35 elementos vai deslocar-se hoje para a Madeira para apoiar no combate ao fogo.