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António Costa criticou o Governo Regional dos Açores, caracterizando a crise política na Região Autónoma como "um fiasco" e os acordos entre os vários partidos de Direita como "uma barafunda" que o PSD quer implementar a nível nacional.
Em entrevista à TVI/CNN Portugal, o primeiro-ministro demissionário diz que a experiência dos Açores, que terminou na queda do Governo regional e na marcação de eleições antecipadas para fevereiro, foi "um Ensaio Geral" para o PSD.
Sobre as legislativas, a 10 de março, António Costa partilha que deseja "que saia uma solução estável" dos resultados e acredita que isso só acontecerá tendo "por base o PS".
"Quando vejo líder do PSD falar do futuro, só vejo palavras do passado e pessoas do passado", apontou, também, referindo-se à presença de Cavaco Silva no último congresso dos sociais-democratas.
Nesta entrevista, o primeiro-ministro garante que não se arrepende de ter rejeitado uma proposta do antigo líder do PSD Rui Rio para reformar a Justiça.
"Devo ser um dos maiores defensores da autonomia do Ministério Público. Não estou arrependido de não aceitar a proposta de revisão de Rui Rio", disse o primeiro-ministro demissionário, que está a ser investigado no âmbito da Operação Influencer.
"As minhas convicções não mudam de acordo com as circunstâncias", sublinhou.
Após a demissão de António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa rejeitou um novo Governo do PS, liderado por Mário Centeno.
O primeiro-ministro demissionário considera que o “Presidente fez uma avaliação errada do que se passou” e refere que “houve um empate” na reunião do Conselho de Estado, que analisou a crise política.
António Costa diz que “a última coisa que as pessoas pensam e desejam é ir para eleições” e “devia-se ter evitado a crise política”.
Sobre a Operação Influencer, o primeiro-ministro não quis comentar detalhes, contudo admite estar "magoado, mas conformado" com a investigação e espera que o caso seja esclarecido com "diligência".
António Costa também diz-se estar de "consciência tranquila" com a decisão que tomou depois de se demitir.
"Para a proteção da dignidade do cargo que exerço, exigia a minha demissão. tenho consciência tranquila com tudo o que fiz. Tinha que avaliar em função das circunstâncias. Sem o parágrafo, teria aguardado pela avaliação do juiz de instrução, Uma semana depois, considerou que a maioria das suspeitas não eram indiciadas. No momento em que o comunicado saiu, não tinha a menor das dúvidas. Falei com a minha mulher, que sempre gosto de ouvir nestes momentos. É sempre uma voz de serenidade", descreveu,
Sobre João Galamba, o primeiro-ministro apenas disse que foi "um excelente secretário de Estado da Energia e estava a exercer uma excelente função enquanto ministro das Infraestruturas".
Já sobre as eleições no PS, para a escolha do seu sucessor enquanto secretário-geral, António Costa diz não ter qualquer favorito, entre Pedro Nuno Santos ou José Luís Carneiro, e espera que todos os socialistas estejam "juntos do novo líder".
Questionado se havia problema em Carlos César, presidente do PS, apoiar publicamente o candidato Pedro Nuno Santos, António Costa considerou que o socialista "fez bem, se é o que lhe ditou a consciência".
Já sobre posições dos candidatos que divergem de António Costa, o primeiro-ministro desvaloriza, referindo que é "um ciclo político que se encerra no PS".
Neste momento o que é que é normal? É normal que o PS faça um balanço e nada me incomoda que o PS eleja um líder que faça coisas diversas daquelas que eu fiz", explica.